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2020-2021: “o” ano dos super-ricos

É impressionante o facto de 85% dos multimilionários que pertencem actualmente ao clube dos mais ricos do mundo terem visto a sua fortuna aumentar ao longo do último ano, ao mesmo tempo que milhões de pessoas em todo o planeta perderam uma grande parte do pouco que já tinham

É uma forma diferente de falar dos últimos 12 meses, mais comummente apelidados como "o ano da pandemia". Mas, e neste caso, a Covid-19 surge não como um vírus que já matou quase três milhões de pessoas em todo o mundo, mas como uma espécie de contaminador de riqueza para os mais afortunados do planeta. O ranking mundial dos multimilionários publicado anualmente pela Forbes anunciou níveis recordistas no que respeita ao número total de magnatas, ao número de "estreantes" neste clube selecto – a cada 17 horas, surgiu um novo bilionário – e ao montante de riqueza colectiva acumulada que ascende a 13,1 triliões de dólares, um valor sem precedentes. Ao mesmo tempo, o fosso entre ricos e pobres transformou-se num profundo abismo e, apesar de alguns gestos de boa vontade filantrópica, os mais ricos do mundo não querem ouvir falar de um imposto especial sobre as suas fortunas, uma medida defendida por vários países para ajudar a mitigar os custos da crise pandémica
POR HELENA OLIVEIRA

Entre Março de 2020 e Março de 2021, e, (em média) a cada 17 horas, o clube dos mais ricos do mundo acolheu um novo bilionário, numa espécie de milagre da multiplicação ou, e em linguagem pandémica, numa disseminação sem precedentes. Um número recordista de 493 pessoas – 210 provenientes da China e Hong Kong e 88 dos Estados Unidos – juntou-se ao ranking mundial dos multimilionários elaborado anualmente pela revista Forbes, limando apenas alguns arestas face a outras listas que medem a riqueza individual global e coincidindo no essencial: assinalado um ano de pandemia, no qual quase três milhões de pessoas perderam a vida, e um número ainda por apurar de outras perderam a saúde, níveis de rendimento, o emprego, familiares ou amigos e, muito provavelmente, o futuro, o mundo conta agora com 2755 multimilionários, cuja riqueza conjunta ascende a 13,1 triliões de dólares, face a oito triliões estimados o ano passado.

De acordo com a 35ª lista anual dos mais ricos do mundo da revista Forbes, não só o número de novos bilionários atingiu um valor recordista – o recorde prévio era de 290 "estreantes" no ano de 2015 -, como também o número total de super-ricos – mais 660 do que há um ano – atingiu um novo máximo. Impressionante é também o facto de 86% dos que pertencem a tão selecto clube terem visto a sua riqueza aumentar ao longo dos últimos 12 meses.

Os Estados Unidos continuam a albergar o maior número de multimilionários – 724 -, mas seguidos de perto pela China (incluindo Hong Kong e Macau), com 698, o que significa que Pequim ultrapassou Nova Iorque como a cidade mais "rica" do planeta. Por seu turno, a Índia ocupa agora a terceira posição no ranking dos países com mais bilionários no mundo e, em conjunto, a riqueza total dos 1149 que residem nos países da Ásia-Pacífico é de 4,7 triliões de dólares face à dos seus pares nos Estados Unidos, que perfaz o valor de "apenas" 4,4 triliões. Também no seu conjunto, os multimilionários europeus viram a sua fortuna aumentar em um trilião de dólares neste último ano.

No topo do top 5 dos mais ricos do mundo continua, e pelo 4º ano consecutivo, Jeff Bezos que, devido ao resultado das acções da Amazon, viu a sua fortuna aumentar em 64 mil milhões de dólares para os actuais 177 mil milhões, sendo seguido por uma ascensão meteórica de Elon Musk – com 151 mil milhões de dólares – devidamente impulsionada pela subida de 705% das acções da Tesla e, quando há um ano, ocupava apenas a 31ª posição no ranking global da Forbes. Na verdade, e em Janeiro deste ano, e no Bloomberg Billionaires Index, Musk ultrapassaria pela primeira vez Bezos como o homem mais rico do mundo, proeza que não duraria muito tempo, mas que serviu para continuar alimentar a história de rivalidade entre os dois homens, ambos com ambições espaciais (Musk lidera a SpaceX e Bezos a Blue Origin) e conhecidos por se "picarem" mutuamente.

O magnata francês Bernard Arnault mantém a 3ª posição, apesar de a sua fortuna ter quase duplicado para 150 mil milhões de dólares, devido a um aumento de 86% nas acções da LVMH, proprietária de marcas como a Louis Vuitton e a Christian Dior e do retalhista de cosmética Sephora; Bill Gates ocupa o 4º lugar, com 124 mil milhões e a fechar o top 5 está Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, cujas acções aumentaram 80%, com 97 mil milhões. Uma nota apenas para Warren Buffett que, e pela primeira vez desde 1993, ficou de fora do clube dos 5 mais ricos do mundo. Nada que preocupe, contudo, o famoso investidor à frente da Berkshire Hathaway que, aos 90 anos, "vale" mais 28,5 mil milhões de dólares do que há um ano, e é a sexta pessoa mais rica do mundo com uma fortuna avaliada em 90 mil milhões.

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