Alzira Maria Ascensão Marques
Professora coordenadora na área de Marketing, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria.
Doutora em Organização e Gestão de Empresas, na especialidade em Estratégia e Comportamento Organizacional, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Coordenadora do curso de mestrado em Marketing Relacional e da pós-graduação em Web Marketing.

Há um modelo ideal para os programas de formação executiva, em termos de duração, horários, estrutura do curso e cadeiras?
Não. Há características que a formação para executivos deve possuir para ter sucesso. Por exemplo, ser focalizada numa determinada área de conhecimento, ter carácter maioritariamente prático, funcionar em regime pós-laboral e os formadores devem ter experiência de ensino e de gestão empresarial.

Os cursos de formação executivos devem ser especializados? São meros cursos de reciclagem ou aprende-se de facto algo de novo?
Devem ser especializados e trazer algo de novo, embora haja sempre uma percentagem de matérias que podem representar para os executivos uma reciclagem, depende da formação e experiência de que são portadores.

Que vantagens tem um quadro ou um executivo em frequentar um curso de formação para executivos? Como se concilia a vida profissional com as exigências do curso? Há uma experiência profissional mínima ideal para frequentar um curso deste tipo.? Há um perfil-tipo dos alunos deste tipo de cursos?
Vivemos numa época de grandes mudanças, na sociedade e na gestão, o ciclo de vida do conhecimento encurtou-se, o prazo de validade da informação é reduzido, pelo que os executivos têm que se actualizar continuamente, a formação pode ser a resposta. Todavia, conciliar a vida profissional e familiar com a frequência do curso requer alguns sacrifícios e alguma capacidade de negociação, quer no trabalho, quer no seio da família.
Não acho que seja necessário definir uma experiência profissional mínima, porém, dependendo do tipo de formação, devem ser definidos os pré-requisitos para a frequência do curso, normalmente estão mais associados com a formação académica do que com a experiência.


Sendo alguns dos cursos de formação de executivos abertos a não licenciados, isso não cria um certo desequilíbrio no grau de conhecimento e de preparação teórica dos alunos? Não cria também uma grande disparidade etária?
A não titularidade de grau académico e a diferença de idades não são problema, a menos que o não titular não possua curriculum profissional relevante. A troca de experiências entre colegas mais velhos sem grau académico, mas com larga experiência de gestão e os colegas mais jovens licenciados, mas com pouca experiência pode ser muito enriquecedora para ambas as partes. Recomendo apenas que o formador, antecipadamente, conheça o perfil académico e profissional dos inscritos no curso de forma a poder fazer as adaptações que considere relevantes.

Que vantagens tem a experiência face à licenciatura?
As duas são importantes.

Para o caso dos licenciados, que vantagens têm os cursos de formação de executivos face aos programas de mestrado e outros cursos de pós-graduação? E face a um MBA?
Em principio, a componente prática é superior e a carga horária é inferior, além disso, não é exigido que sejam possuidores do grau de licenciado, enquanto no mestrado e na pós-graduação é, excepto se tiverem um curriculum profissional relevante, mas mesmo assim, havendo muitos candidatos os que não têm grau ficam seriados no fim da lista, acabando, normalmente, por ficar excluídos por falta de vaga.

Há retorno do investimento feito no curso? Depois de frequentar este tipo de programas, os quadros e executivos progridem mais rapidamente, como acontece por exemplo com os titulares de um MBA?
Depende do tipo de curso que frequentem, das competências que adquirem e da sua aplicabilidade a nível profissional.