Notícia
Indonésia no rumo certo
As autoridades indonésias estão a enfrentar com sucesso a tarefa de mudar um país pobre de 260 milhões de pessoas e que se estende por milhares de ilhas. Medido em euros, os ganhos da bolsa de Jacarta têm sido diminutos. Vale pena continuar a investir?
06 de Março de 2018 às 11:13
Prioridade às reformas
A Indonésia está entre as grandes economias com mais rápido crescimento e a gestão das autoridades tem sido exemplar, o que não é muito comum entre os mercados emergentes. Desde 2010, o país obteve um crescimento médio de 5,5 % e resistiu melhor do que outros à queda nos preços das matérias-primas. Em 2017 e 2018, o crescimento deverá ser em torno de 5 %. Mas por trás dessa aparente estabilidade há mudanças que estão a fazer evoluir o país. O fim dos subsídios aos combustíveis prejudicou a confiança das famílias e aumentou a inflação, mas também deu meios a Jacarta para investir em infraestruturas e sanear as contas públicas. Mas há mais. Em 2014, a Indonésia ficou em 114.º lugar no "ranking" Doing Business do Banco Mundial, que avalia facilidade de fazer negócios. Em 2017, o país avançou para o 72.º lugar. Esta rápida progressão está ligada à eleição do atual presidente Joko Widodo, um reformista. De acordo com o Banco Mundial, nos últimos quatro anos, foram realizadas mais de 20 importantes reformas destinadas a tornar o país mais atrativo para os investidores.
Exportações em mudança
Este zelo reformista não passou despercebido aos olhos das principais agências de "rating" que, desde maio, classificam a dívida da Indonésia na categoria de títulos de investimento. O país consegue financiar-se a 6,5 % a 10 anos, o custo mais baixo desde 2012-2013, quando os lucros com as matérias-primas enchiam os cofres do Estado. Ao mesmo tempo, o investimento direto estrangeiro cresce a dois dígitos. Nos primeiros nove meses de 2017, a progressão foi de 13,7 % em relação ao mesmo período de 2016. Além disso, a sua natureza é diferente. Até há pouco tempo concentrava-se no setor de recursos naturais, mas agora também abrange a indústria (automóvel, eletrónica, maquinaria) e os serviços. As exportações indonésias ainda se baseiam em recursos naturais (óleo de palma é o principal produto), mas estão a diversificar-se graças à mão de obra abundante e barata, às reformas e à melhoria das infraestruturas. Uma base industrial mais completa tem vindo a ganhar forma, a qual permite beneficiar das exportações, mas também de um mercado interno de imenso potencial.
Estado investe
O investimento público é outro grande motor de crescimento. Jacarta está determinada a desenvolver as infraestruturas com projetos de grande escala. Infelizmente, apesar dos esforços realizados, as receitas fiscais indonésias permanecem sistematicamente aquém que as previsões, limitando o raio de ação do Governo em termos de infraestruturas e de formação da uma força de trabalho jovem. Assim, para ter sucesso, a Indonésia terá de avançar com parcerias, em particular, com investidores estrangeiros. Será necessário aceitar uma maior abertura da economia ao capital estrangeiro.
Famílias prudentes
Embora o investimento, as despesas públicas e as exportações apoiem o crescimento, os gastos das famílias permanecem relativamente débeis. No entanto, estão reunidos os fatores para uma melhoria: altas taxas de crescimento, inflação sob controlo (3,3 % em novembro), mercado de trabalho saudável (taxa de desemprego de 5,5 %), salários reais a aumentar e juros em mínimos. Com estes fundamentos, não seria surpreendente ver um despontar do consumo nos próximos trimestres. Será a cereja no topo do bolo.
Conclusão: invista
As bases para o crescimento sustentável da Indonésia estão lançadas. Ainda há muito a fazer para melhorar as infraestruturas, mas existe um forte desejo de mudança. Com o aumento do investimento estrangeiro e a forte procura nos mercados de exportação, o país está bem posicionado e só falta o consumo das famílias surgir em cena. A bolsa de Jacarta tem subido, mas a depreciação da rupia face ao euro penalizou os ganhos dos investidores. Ainda que a vertente cambial não seja a ideal, a Indonésia mantém-se como um mercado promissor: recomendamos a subscrição do fundo de ações Fidelity Indonesia e do ETF iShares MSCI Indonesia no seio de uma carteira diversificada e até um máximo de 5 % para limitar o risco.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
A Indonésia está entre as grandes economias com mais rápido crescimento e a gestão das autoridades tem sido exemplar, o que não é muito comum entre os mercados emergentes. Desde 2010, o país obteve um crescimento médio de 5,5 % e resistiu melhor do que outros à queda nos preços das matérias-primas. Em 2017 e 2018, o crescimento deverá ser em torno de 5 %. Mas por trás dessa aparente estabilidade há mudanças que estão a fazer evoluir o país. O fim dos subsídios aos combustíveis prejudicou a confiança das famílias e aumentou a inflação, mas também deu meios a Jacarta para investir em infraestruturas e sanear as contas públicas. Mas há mais. Em 2014, a Indonésia ficou em 114.º lugar no "ranking" Doing Business do Banco Mundial, que avalia facilidade de fazer negócios. Em 2017, o país avançou para o 72.º lugar. Esta rápida progressão está ligada à eleição do atual presidente Joko Widodo, um reformista. De acordo com o Banco Mundial, nos últimos quatro anos, foram realizadas mais de 20 importantes reformas destinadas a tornar o país mais atrativo para os investidores.
Este zelo reformista não passou despercebido aos olhos das principais agências de "rating" que, desde maio, classificam a dívida da Indonésia na categoria de títulos de investimento. O país consegue financiar-se a 6,5 % a 10 anos, o custo mais baixo desde 2012-2013, quando os lucros com as matérias-primas enchiam os cofres do Estado. Ao mesmo tempo, o investimento direto estrangeiro cresce a dois dígitos. Nos primeiros nove meses de 2017, a progressão foi de 13,7 % em relação ao mesmo período de 2016. Além disso, a sua natureza é diferente. Até há pouco tempo concentrava-se no setor de recursos naturais, mas agora também abrange a indústria (automóvel, eletrónica, maquinaria) e os serviços. As exportações indonésias ainda se baseiam em recursos naturais (óleo de palma é o principal produto), mas estão a diversificar-se graças à mão de obra abundante e barata, às reformas e à melhoria das infraestruturas. Uma base industrial mais completa tem vindo a ganhar forma, a qual permite beneficiar das exportações, mas também de um mercado interno de imenso potencial.
Estado investe
O investimento público é outro grande motor de crescimento. Jacarta está determinada a desenvolver as infraestruturas com projetos de grande escala. Infelizmente, apesar dos esforços realizados, as receitas fiscais indonésias permanecem sistematicamente aquém que as previsões, limitando o raio de ação do Governo em termos de infraestruturas e de formação da uma força de trabalho jovem. Assim, para ter sucesso, a Indonésia terá de avançar com parcerias, em particular, com investidores estrangeiros. Será necessário aceitar uma maior abertura da economia ao capital estrangeiro.
Famílias prudentes
Embora o investimento, as despesas públicas e as exportações apoiem o crescimento, os gastos das famílias permanecem relativamente débeis. No entanto, estão reunidos os fatores para uma melhoria: altas taxas de crescimento, inflação sob controlo (3,3 % em novembro), mercado de trabalho saudável (taxa de desemprego de 5,5 %), salários reais a aumentar e juros em mínimos. Com estes fundamentos, não seria surpreendente ver um despontar do consumo nos próximos trimestres. Será a cereja no topo do bolo.
Conclusão: invista
As bases para o crescimento sustentável da Indonésia estão lançadas. Ainda há muito a fazer para melhorar as infraestruturas, mas existe um forte desejo de mudança. Com o aumento do investimento estrangeiro e a forte procura nos mercados de exportação, o país está bem posicionado e só falta o consumo das famílias surgir em cena. A bolsa de Jacarta tem subido, mas a depreciação da rupia face ao euro penalizou os ganhos dos investidores. Ainda que a vertente cambial não seja a ideal, a Indonésia mantém-se como um mercado promissor: recomendamos a subscrição do fundo de ações Fidelity Indonesia e do ETF iShares MSCI Indonesia no seio de uma carteira diversificada e até um máximo de 5 % para limitar o risco.
5,5%
Desde 2010, o país obteve um crescimento médio de 5,5 % e resistiu melhor do que outros à queda nos preços das matérias-primas.
20%
Valorização da bolsa de Jacarta em moeda local ao longo de 2017 (apenas 4,6% medindo em euros).
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.