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Fraudes em investimentos: Quando a esmola é muita...
Se uma promessa parece boa demais para ser verdade… provavelmente é! Este é um dos sinais de alerta em situações de risco financeiro elevado
A crise dos últimos anos fez disparar os números do desemprego e levou à estagnação e diminuição dos rendimentos de quem se mantém no mercado de trabalho. Um cenário que torna a ideia de um negócio de lucro fácil ainda mais aliciante, abrindo campo à atuação de burlões que atraem os mais incautos para esquemas fraudulentos. Em 2014, chegaram à Deco 150 reclamações, o dobro das registadas no ano anterior.
O novo rosto da burla
Tanto o esquema em pirâmide como o de Ponzi operam sob o princípio básico de pagar aos participantes mais antigos com o dinheiro dos mais recentes. No entanto, enquanto o esquema de Ponzi se apresenta como um investimento (caso da Afinsa, do qual falamos na página 14), na fraude em pirâmide é comum utilizar-se a venda de um produto ou de um serviço como disfarce. Há também diferenças no que toca ao recrutamento de novos participantes. Se, no primeiro, os pagamentos não dependem da contratação de novos membros, no caso da pirâmide, os participantes só obtêm ganhos se conseguirem angariar novos membros. A venda direta, usada por marcas como a Avon, é uma atividade legal em que há recurso a uma rede de revendedores. Como os esquemas em pirâmide não podem dispensar o recrutamento de novos membros, a venda direta torna-se na máscara perfeita para dissimular estas fraudes. Quem está na base da pirâmide apenas ganha em função das vendas que efetuar, por contraste com os esquemas em pirâmide que prometem rendimentos garantidos a todos os participantes.
Investimento condenado à nascença
Um esquema em pirâmide é insustentável desde que é criado, e o facto de pagar os rendimentos prometidos durante algum tempo não o torna mais fidedigno, nem legítimo. Na verdade, para funcionar e crescer, todos os esquemas em pirâmide pagam os rendimentos que prometem… aos primeiros investidores! Tomemos como exemplo uma pirâmide simples, como o "jogo da bolha". Neste caso, é necessário recrutar um círculo de seis pessoas para receber o pagamento, iniciando uma nova bolha com quem pagou. Como se percebe pela ilustração em cima, à quarta "bolha" ou degrau, já são precisas mais de mil pessoas. E após mais alguns níveis, já seria necessário recrutar aproximadamente toda a população portuguesa. Nestes esquemas, o passa-palavra torna-se, assim, essencial para angariar novos participantes, o que seria impossível caso as expectativas fossem defraudadas logo numa fase inicial. Uma frase atribuída ao célebre investidor Warren Buffet diz algo como "se estiver numa mesa de poker e não souber quem é o pato, então, o mais provável é que seja você mesmo o pato". Ou seja, se alguém está a participar numa pirâmide e não está no topo da mesma, é bem provável que venha a descobrir que é um dos "patos". Quem entra num esquema deste género pode ter uma única certeza: o negócio vai falhar e vai criar mais perdedores do que ganhadores. É tudo uma questão de tempo, já que estes esquemas são sempre insustentáveis. Para pagar os rendimentos elevados a um número cada vez maior de participantes, é necessário um recrutamento constante que, em pouco tempo, deixa de ser viável. Rapidamente, deixa de ser possível encontrar recrutas suficientes para alimentar o esquema e é nesta altura que o negócio "rebenta", levando a grande maioria dos participantes a perder o dinheiro investido.
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D&D Aconselha
Se suspeita estar envolvido num esquema em pirâmide ou do tipo Ponzi, mas ainda não começou a receber, retire o capital assim que for possível.
Se já não lhe estão a pagar, pare de entregar dinheiro mesmo que lhe digam que um novo pagamento permitirá recuperar o que já investiu. Junte toda a documentação onde constem as promessas que lhe foram feitas.
Denuncie à CMVM e ao Banco de Portugal, se se tratar de uma entidade financeira (casos da Afinsa e Madoff). Já se a empresa vender produtos e serviços não financeiros (caso da Telexfree), apresente queixa na ASAE, no Ministério Público e na Polícia.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.