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Porto com Porto pede demissão da administração da Metro por falhar obra de 100 milhões
O líder do movimento cívico, o médico António Araújo, que não descarta candidatura à autarquia, considera que o metrobus “é uma desilusão em toda a linha e ficará na história do Porto como um dos maiores erros de gestão e planificação de mobilidade de que há memória”.
"Basta de confusão", clama António Araújo sobre o polémico metrobus entre a Rotunda da Boavista e a Praça do Império.
"Depois de mais uma notícia sobre as constantes desorientações no que toca à faixa do metrobus, António Araújo, líder do movimento cívico Porto com Porto, pede a demissão imediata da direção da Metro do Porto", avança, em comunicado.
"O histórico de erros é longo e recebeu gotas de água nos últimos tempos, que fazem transbordar qualquer copo, por maior que seja a capacidade que ele tenha", conclui o líder do movimento, que foi recentemente apresentado com o objetivo de repensar a cidade e encontrar soluções para os seus problemas.
António Araújo, que é diretor do Serviço de Oncologia do Hospital/ULS de Santo António e integrou o Conselho Estratégico Nacional do PSD na altura da presidência de Rui Rio, já admitiu a possibilidade de encabeçar candidatura à Câmara do Porto, sendo que o seu irmão, Fernando Araújo, ex-CEO do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem sido apontado por figuras do PS para entrar na corrida à sucessão de Rui Moreira.
Relativamente ao metrobus, Araújo relembra que a 29 de outubro passado a STCP conduziu uma série de testes, com a supervisão da Polícia Municipal do Porto, tendo em vista a viabilidade da utilização da nova linha.
"O relatório é verdadeiramente demolidor e confirma aquilo que o movimento Porto com Porto tem repetido ao longo do tempo, inclusive no dia 19 de Outubro, numa marcha protesto que simbolicamente fizemos naquele trajeto, e no fim da qual tínhamos, também, exigido a responsabilização de Rui Moreira no falhanço de todas estas operações", recorda.
Para Araújo, o metrobus "é um projeto mal planeado, mal executado e que onera os portuenses em mais de 100 milhões de euros".
E cita o documento da STCP, que classifica a linha como "insegura, ineficiente e comercialmente desvantajosa", conclusões a que a própria Polícia Municipal do Porto acrescenta que "as atuais condições comprometem o serviço e segurança dos passageiros".
A estes, "já de si, gravíssimos problemas de ineficiência", o Porto com Porto junta-lhes "a falta de autocarros a hidrogénio e os respetivos postos de abastecimentos, que deviam estar - há muito – concluídos", sublinha.
"Alertámos, sucessivas vezes, que este é um projeto que não serve o interesse dos portuenses, tem uma gestão danosa realizada pela Metro do Porto e, fundamentalmente, revela a total inoperância que resulta numa desresponsabilização grosseira desta última por parte do próprio Rui Moreira", afirma António Araújo, frisando que "tudo isto se previa e, pior, se anunciou há muito".
"Ainda assim, em vez de reconhecer erros e tentar corrigi-los, a Metro do Porto insiste neles. E vem agora sugerir que se aluguem veículos com necessidade de serem adaptados, aumentando assim, e mais uma vez, aos custos que todos os cidadãos já têm com este erro de ‘casting’", acusa o líder do Porto com Porto, acrescentando que também não pode "de forma alguma deixar passar em claro as responsabilidades da autarquia, enquanto entidade fiscalizadora (e que deve defender sempre os interesses dos portuenses) e da Metro do Porto".
Em síntese, remata, "esta obra é uma desilusão em toda a linha e ficará na história do Porto como um dos maiores erros de gestão e planificação de mobilidade de que há memória", pelo que o Porto com Porto exige que "se tirem consequências e responsabilidades", concluindo que "à administração da Metro do Porto resta, apenas, demitir-se das suas funções".