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Preparem-se passageiros. O tédio vai aumentar nos voos de avião

As propostas destinadas a manter passageiros seguros são muitas vezes confusas e contraditórias.

17 de Maio de 2020 às 15:00
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Há já muito tempo que viajar de avião está longe de ser divertido. Agora que as companhias aéreas começam a retomar os voos após as medidas de confinamento, os passageiros podem esperar uma experiência ainda mais desagradável, com novos pontos de medição de temperatura, filas que chegam até o estacionamento para manter o distanciamento entre as pessoas e separadores de acrílico que isolam os funcionários.

 

Máscaras e luvas serão norma, dispensadores de álcool gel estarão em todo o lado e, embora o plano seja automatizar muitos processos para minimizar a interação humana, autoridades do setor preveem que os tempos de viagem terão que aumentar para acomodar os cuidados de higiene.

 

"Passar por um aeroporto, por toda a experiência de viagem, será tão agradável quanto uma cirurgia ao coração", diz Paul Griffiths, diretor-geral da Dubai Airports, cujos funcionários usam batas descartáveis e viseiras de segurança que não pareceriam estranhas numa ala de pacientes com covid-19.

 

Enquanto os governos elaboram planos para que o mundo possa voltar a voar, propostas destinadas a manter passageiros seguros são muitas vezes confusas e contraditórias. Por exemplo, impedir que as pessoas se sentem próximas no "check-in", mas que possam estar amontoadas por seis ou oito horas durante um voo. E, se implementadas a longo prazo, executivos dizem que podem causar quase tanto dano aos lucros das companhias aéreas e aeroportos quanto se permanecessem completamente fechados.

 

Manter 400 pessoas a dois metros de distância "significa uma fila de quase um quilómetro, que preenche a sala de embarque e vai até o estacionamento", diz John Holland-Kaye, CEO do Aeroporto de Heathrow de Londres. O cumprimento da regra de dois metros pode reduzir a capacidade do aeroporto para 20% do nível habitual, diz. "É algo que não podemos continuar a fazer até chegar uma vacina."

 

Por isso, Holland-Kaye diz que seria melhor que os aeroportos rastreassem passageiros possivelmente infetados com o covid-19 na entrada do terminal.

 

Heathrow, o aeroporto mais movimentado da Europa, está a testar um sistema de deteção térmica destinado a identificar pessoas com o vírus, tecnologia usada na Ásia há anos. O governo do Reino Unido, no entanto, ainda não aprovou o projeto.

 

O que não é viável, dizem as companhias aéreas, é bloquear filas de assentos a bordo dos aviões para manter o distanciamento a 38 mil pés de altura. Tal medida não seria tão eficaz para conter o vírus e, ao mesmo tempo, afetaria os lucros das companhias aéreas, afirma a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Com as filas do meio removidas, aviões com um único corredor teriam que voar com capacidade de até dois terços do total.

 

O distanciamento acontecerá de qualquer maneira, diz Jozsef Varadi, diretor da companhia aérea de baixo custo Wizz Air, porque poucas pessoas provavelmente conseguirão assentos quando as companhias começarem a expandir os voos novamente. O gestor diz que não tem planos de limitar o número de passageiros. Alguns, no entanto, já reclamam que os aviões estão muito cheios.

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