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Apertar o cinto e fusão de operadores. A mensagem do CEO da Telefónica para o setor
Marc Murtra apelou a uma maior flexibilidade nas operações de fusão e aquisição, e que o mercado europeu de telecomunicações não tem, atualmente, capacidade de competir com os EUA e China.

Marc Murtra terá mostrado aos acionistas da Telefónica, depois de três meses no cargo, a razão pela qual foi escolhido para ser CEO. Na sua primeira assembleia geral, Murtra deixou três mensagens que considera ser essenciais para a empresa de telecomunicações: apertar o cinto com uma "rígida disciplina financeira" para uma melhor eficiência operacional, otimizar a estrutura empresarial e explorar operações de aquisição.
De acordo com o jornal El Economista, o CEO não revelou um plano concreto de reestruturação no grupo, tendo considerado que este levará tempo a ser composto e deverá ser apresentado no segundo semestre, tal como já tinha anunciado.
Diretamente para o mercado espanhol, e deixando a mensagem em aberto para a Europa, Marc Murtra abriu o jogo para fusões e aquisições, defendendo que estas devem começar nos próprios países. Para o CEO da Telefónica, as principais empresas de telecomunicações da Europa têm de se consolidar "e crescer para atingirem uma escala que lhes permita investir, inovar e atrair talento de forma decisiva", terá dito Murtra, segundo a publicação espanhola.
O mercado espanhol tem, pelo menos, seis operadores de telecomunicações, sendo que a Orange e a MásMóvil terminaram a fusão no início de 2024. O CEO é defensor de uma redução no número de operadores nos mercados, com vista a promover "uma escala lucrativa" para "implementar redes avançadas e inovar".
Com vista a estas fusões, Murtra apelou aos reguladores para fazerem "os ajustes necessários" de forma a permitir a "consolidação necessária do setor". Caso os reguladores e a Comissão Europeia não queiram abrir o jogo da consolidação, o CEO da Telefónica acredita que a "Europa vai continuar a perder relevância na sua posição mundial e que não terá capacidade de decidir o seu futuro de forma autónoma".
"Nenhuma empresa europeia está entre as que lideram a mudança digital", terá apontando, enquanto sustentava que o pódio está dividido entre China e EUA. "O elevado nível de fragmentação do setor de telecomunicações europeu, único no mundo, e a regulamentação excessiva, também única em intensidade, eliminaram a possibilidade das empresas de telecomunicações europeias puderem ser gigantes capazes de competir com as concorrentes americanas e chinesas, garantindo a soberania e produtividade da Europa", terá defendido perante a reunião de acionistas.