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Poupe no "software" da sua empresa

À procura de soluções de "software" mais baratas e flexíveis, algumas empresas acabam por optar por aplicações e sistemas "open source" em detrimento de soluções proprietárias. As experiências têm saldo positivo.

12 de Março de 2009 às 16:51
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Foi precisamente a flexibilidade do SugarCRM e a possibilidade de o adaptar quase totalmente às necessidades da HomePC que levaram a empresa a optar por esta solução "open source" em detrimento de outras aplicações de código proprietário que participavam na mesma consulta realizada ao mercado.

"As propostas que chegaram à fase final tinham um custo semelhante mas o que nos atraiu foi a possibilidade de parameterização sem limites", explica João Costa, um dos administradores da empresa de apoio técnico a computadores de utilizadores domésticos e de micro empresas."Para este nível de adaptação às nossas necessidades que a DRI conseguiu no SugarCRM teríamos de pagar três ou quatro vezes mais num sistema proprietário", justifica. Não se trata aqui de fundamentalismos em defesa do código aberto, nem de preconceitos. Apenas a escolha racional pela aplicação que melhor se ajustava à Home PC e que apresentava a melhor relação entre preço e qualidade.

Em oposição ao "software" de código fechado, ou proprietário, onde a empresa que desenvolve a aplicação é a única com acesso à informação que faz funcionar o sistema (o dito "código fonte"), as aplicações "open source" têm código aberto, acessível a todos os que o quiserem ver e alterar, o que poderá permitir maior flexibilidade na adaptação à realidade das empresas. É também preciso pagar licenças pela utilização das aplicações mas, normalmente, estas têm um custo mais reduzido, ou nulo, consoante o modelo de distribuição escolhido.

Estas são as vantagens que normalmente se juntam aos argumentos de garantia de continuidade e melhor "performance", mas que contam com fundamentos também fortes da parte de quem defende o "software" proprietário. O debate que se gerou em volta do "software open source vs software proprietário" - com extremismo de cada um dos lados e diversas entidades a assumirem apoios, ao mesmo tempo que alguns Governos demonstravam a sua opção pelo "open source", como o fez recentemente o Reino Unido - tornaram a escolha entre cada um dos modelos uma questão quase "política". Ou se é contra ou a favor, quando, para as empresas, o que está em causa é principalmente uma questão de funcionalidade e de custos.

"Não tínhamos qualquer ideia de escolher 'software open source' ou proprietário. Foi depois de uma consulta ao mercado que identificámos esta solução como a melhor opção para a Home PC e com a vantagem competitiva de ter um sistema único, difícil de replicar", explica João Costa, adiantando que na linha de negócio da Home PC este é um factor importante porque é o sistema que faz a distribuição do trabalho e coordenação de agendas com base em informação inserida pelos operadores e georeferenciada.

Escolha aconselhada
Na Clínica Thalassa, especializada em tratamentos de estética, a opção foi claramente em prol do "open source", por indicação de familiares dos sócios fundadores. Manuel Jorge, médico e sócio da Clínica criada em Janeiro de 2000, lembra que quando o negócio começou a crescer foi preciso criar uma rede informática. "Numa pequena empresa como a nossa, é muito importante não aumentarmos os custos e percebemos que, em 'open source', há todas as aplicações equivalentes às da Microsoft e menos pesadas, em custos e facilidade de utilização", justifica.

Do conhecimento à aplicação prática foi apenas um passo, com a adopção do sistema operativo Mandriva 2006 que foi complementado com ferramentas de produtividade "open source" e outras aplicações que permitem aos médicos da Clínica Thalassa trabalhar com as fotografias da evolução dos seus pacientes. Actualmente, a empresa está a aguardar a adaptação de um "software" de agendamento pela Ângulo Sólido, empresa que assumiu a instalação e manutenção do sistema da clínica, e que permitirá gerir de forma mais eficiente a ocupação das salas de tratamento.

A adaptação dos colaboradores da clínica ao novo sistema operativo terá sido uma das componentes mais difíceis de todo o projecto. "As pessoas estão mais habituadas a usar sistemas Windows mas estas aplicações são muito parecidas e é tudo uma questão de hábito", esclarece Manuel Jorge. "Há alguns anos, era preciso perceber mais de informática para usar 'open source'. Os sistemas têm vindo a evoluir e estão mais fáceis de usar", adianta.

Racionalidade de custos

Na Pneumobil também surgiram algumas dificuldades iniciais de adaptação, mas que foram rapidamente ultrapassadas. A empresa que detém quatro oficinas especializadas em pneus implementou o Linux há cerca de cinco anos no escritório e em todas as oficinas. Depois de alguma resistência dos 24 colaboradores, todos acabaram por se adaptar e trabalhar de forma eficiente com o novo "software".

João Sobral, administrador da empresa, admite que a opção teve como motivo principal os custos. "Só em licenças de 'software' gastaríamos o equivalente a 16 meses de assistência técnica e temos o mesmo tipo de aplicações", clarifica. Apesar de tudo, a Pneumobil ainda mantém uma solução mista. "Não tínhamos conseguido ainda substituir o sistema de ERP ("Enterprise Resource Planning") por uma solução 'open source' já que não encontrámos nenhuma adaptada à realidade portuguesa e suficientemente madura e estável", confessa João Sobral. A empresa está actualmente em fase de selecção de uma solução para esta área e espera, desta vez, conseguir melhores resultados.


O que é o "open source"
O termo designa o "software" de código aberto e foi criado pela OSI (Open Source Initiative), como define a Wikipédia. O "código fonte" que determina as instruções de funcionamento das aplicações é acessível a todos e pode ser alterado, ao contrário do "software" proprietário que é detido por uma empresa que é a única a poder fazer alterações. Estas fronteiras estão a esbater-se, já que algumas das principais empresas de "software" proprietário começam a dar acesso ao código a grupos restritos de utilizadores.

Entre os projectos mais conhecidos de "open source" estão as várias distribuições do sistema operativo Linux e o "browser" Firefox, da Fundação Mozilla.





João Costa
28 anos HomePC

A exclusividade de um sistema desenhado à medida das necessidades da empresa e a flexibilidade de adaptação foram duas das principais razões da escolha do SugarCRM. A aplicação suporta todo o negócio da HomePC em termos de agendamento da intervenção em casa ou na empresa do cliente, gerindo as agendas dos técnicos de acordo com as necessidades e usando um sistema de referenciação, integrado com os PDA.














Manuel Jorge 41 anos Clínica Thalassa
Poupar nos custos foi uma das principais preocupações da Clínica Thalassa na opção por "open source", mas a estabilidade e a segurança também faziam parte das prioridades. O conhecimento das soluções de código aberto e os conselhos de familiares dos fundadores da clínica deram o empurrão necessário para a instalação do sistema operativo Mandriva 2006, combinado com as ferramentas de produtividade OpenOffice, assim como por aplicações de gestão de imagem.







João Sobral
38 anos Pneumobil

Com a necessidade de um sistema integrado para ligar o escritório às quatro oficinas, a Pneumobil optou pelo "open source" que traria redução de custos sem perda de funcionalidade. Pelas estimativas de João Sobral, o que se poupa em licenças dá para custear mais de um ano de manutenção, num contrato que inclui já as aplicações. A empresa mantém um sistema misto por não ter encontrado uma alternativa de código aberto adaptada ao mercado português.



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