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Imobiliário suíço mantém-se nos radares pelos piores motivos
Os reguladores do mercado imobiliário da Suíça provavelmente não terão descanso.
Sendo agora expectável que as taxas de juro na Europa permaneçam baixas por mais tempo, isso irá alimentar ainda mais a exuberância em curso no imobiliário suíço, que assistiu a vários alertas só este mês.
A questão é particularmente aguda nas propriedades que são compradas para arrendamento, com as seguradoras e os fundos de pensões a procurarem compensar retornos de outra forma escassos.
Os riscos já eram grandes o suficiente para justificar a atenção do Fundo Monetário Internacional há cinco anos, e desde então o Banco Nacional Suíço implementou a taxa de juro mais baixa do mundo. A imigração diminuiu e a taxa de desocupação aproxima-se de um máximo da década de 1990, quando houve uma crise imobiliária.
O banco central disse este mês que está a observar de perto a situação e vê um risco "particular" no investimento em imóveis residenciais. O aviso do banco central chegou pouco tempo depois de um alerta semelhante do governo, e o FMI poderá sinalizar preocupações quando apresentar a sua avaliação de saúde do setor financeiro do país na próxima semana.
"Agora que as taxas de juro deverão permanecer baixas por mais tempo, a preocupação do SNB é legítima", disse Jan-Egbert Sturm, diretor do KOF Swiss Economic Institute em Zurique. "Continua a ser algo a que temos de prestar atenção, é uma preocupação."
A última avaliação de estabilidade financeira do FMI na Suíça foi em 2014, e descobriu que os baixos custos de financiamento e a alta liquidez estavam a levar a uma "dinâmica de bolhas em algumas regiões e segmentos de mercado". Naquele ano, o governo exigiu que os bancos aumentassem a sua reserva de capital, ao mesmo tempo que foram apertadas as regras para a concessão de crédito à habitação.
Neste cenário, a Associação Suíça de Bancos está a analisar a situação e disse este mês que vai alterar a sua auto-regulação para o mercado hipotecário se concluir que há um aumento dos riscos.
As licenças de construção caíram no segundo semestre de 2018, de acordo com o Zuercher Kantonalbank, sugerindo que o mercado pode estar a arrefecer por conta própria. Mas isso pode estar a mascarar fragilidades setoriais, segundo Ursina Kubli, chefe de análise imobiliária do banco. Foram emitidas menos licenças nas cidades, onde a procura é forte, mas o número continua elevado em muitas áreas rurais que já enfrentam problemas por causa dos níveis de desocupação.
A desaceleração "não deve ser considerada uma cautela saudável entre os investidores", disse Kubli.
A Secretaria de Estado para os Assuntos Económicos espera uma desaceleração suave no mercado imobiliário, mas está atenta às preocupações.
"É possível que um pequeno segmento se torne um problema para a estabilidade financeira geral", disse Ronald Indergand. "Basta olhar para a crise do subprime nos EUA".