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"É uma vergonha". Stilwell critica falta de vontade política para ligar Espanha e França
O CEO da EDP protesta contra as opções tomadas a nível europeu nos últimos anos, que deixam a Península Ibérica sem ligações de qualidade com França. E avisa que os atuais preços desincentivam o investimento.
Miguel Stilwell entende que "é uma vergonha que ainda não tenhamos boas interconexões sul-norte, que tenha sido mais fácil construir um gasoduto entre a Rússia e a Alemanha do que entre dois países europeus", no caso, Espanha e França. Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, este domingo, afirma que "não é um tema técnico, mas político, e é uma prioridade total resolvê-lo".
"A Europa é mais forte quando está unida. Fala-se de uma União Europeia energética, mas se não conseguirmos construir estas interconexões, então a Europa não aproveitará a sua escala e as suas forças para ser mais resiliente a longo prazo", indica o CEO.
Considerando que "Espanha e Portugal podem desempenhar um papel muito relevante" no panorama energético da Europa, na sequência da guerra na Ucrânia, mas avisa que são necessárias interconexões com França e com o resto da Europa.
O CEO traça ainda uma comparação com os EUA. "Na Europa, o modelo de apoios exige uma enorme quantidade de papelada e formulários e, depois, passam anos até receber a aprovação das ajudas. É tremenda a quantidade de projetos de hidrogénio que temos em Espanha à espera de contar com o apoio suficiente para avançar. Já estamos nisto há pelo menos dois anos e há poucos projetos que estejam a avançar", lamenta Miguel Stilwell. "Ainda estamos à espera da confirmação do apoio público a vários projetos, sem nenhuma segurança de que o montante da ajuda final será suficiente para alcançar esse ‘business case’".
Já nos EUA há a garantia de "que se for produzido hidrogénio verde, vão dar três dólares por quilograma". "Tem de se preencher um formulário assegurando que o hidrogénio é produzido com energia renovável. Dão um crédito fiscal que se pode utilizar ou vender".
"Vimos uma queda muito, muito significativa nos últimos dois ou três anos desde a invasão da Ucrânia", refere o CEO, sinalizando que tem havido desde então "uma normalização", mas também "muita água, muito vento e muito sol". Miguel Stilwell recorda que na Península Ibérica há "uma alta penetração de energias renováveis", a que se juntam interconexões insuficientes com França. "O resultado é que quando há muitas energias renováveis, os preços desabam, chegando a perto de zero, até mesmo negativos. Se isto é ou não viável, dependerá de duas coisas: qual será a normalização das energias renováveis nos próximos anos e a que nível estará o preço do gás", considera o gestor.
"De qualquer forma, claramente estamos a caminhar para uma volatilidade muito maior. Quando houver energias renováveis, os preços aproximam-se de zero. Quando não houver, aproximar-se-ão do nível do gás, que é bastante mais caro. Haverá uma grande oscilação no mercado horário", acredita.
E é isso que o CEO da EDP considera insustentável para os investidores. "Com estes preços, ninguém vai fazer investimentos em energias renováveis. Por isso é importante ter contratos de longo prazo, que proporcionem alguma previsibilidade e estabilidade ao preço, ou leilões promovidos pelo governo, como tem acontecido no passado, que estabeleçam preços que, embora bastante baixos, pelo menos são estáveis, são conhecidos".
Mais ainda, diz Stilwell, "é importante introduzir outros mecanismos, como os de capacidade, que garantem que certas tecnologias estejam disponíveis para operar quando necessário, mas que não dependem unicamente dos preços da energia determinados pelo mercado".
"A Europa é mais forte quando está unida. Fala-se de uma União Europeia energética, mas se não conseguirmos construir estas interconexões, então a Europa não aproveitará a sua escala e as suas forças para ser mais resiliente a longo prazo", indica o CEO.
O CEO traça ainda uma comparação com os EUA. "Na Europa, o modelo de apoios exige uma enorme quantidade de papelada e formulários e, depois, passam anos até receber a aprovação das ajudas. É tremenda a quantidade de projetos de hidrogénio que temos em Espanha à espera de contar com o apoio suficiente para avançar. Já estamos nisto há pelo menos dois anos e há poucos projetos que estejam a avançar", lamenta Miguel Stilwell. "Ainda estamos à espera da confirmação do apoio público a vários projetos, sem nenhuma segurança de que o montante da ajuda final será suficiente para alcançar esse ‘business case’".
Já nos EUA há a garantia de "que se for produzido hidrogénio verde, vão dar três dólares por quilograma". "Tem de se preencher um formulário assegurando que o hidrogénio é produzido com energia renovável. Dão um crédito fiscal que se pode utilizar ou vender".
"Com estes preços ninguém vai investir em renováveis"
Sobre os preços da energia, que têm estado em queda acentuada nos últimos anos, Miguel Stilwell alerta que não são boas notícias: "Com estes preços, ninguém vai fazer investimentos em energias renováveis", afirmou o presidente executivo da EDP ao El Mundo."Vimos uma queda muito, muito significativa nos últimos dois ou três anos desde a invasão da Ucrânia", refere o CEO, sinalizando que tem havido desde então "uma normalização", mas também "muita água, muito vento e muito sol". Miguel Stilwell recorda que na Península Ibérica há "uma alta penetração de energias renováveis", a que se juntam interconexões insuficientes com França. "O resultado é que quando há muitas energias renováveis, os preços desabam, chegando a perto de zero, até mesmo negativos. Se isto é ou não viável, dependerá de duas coisas: qual será a normalização das energias renováveis nos próximos anos e a que nível estará o preço do gás", considera o gestor.
"De qualquer forma, claramente estamos a caminhar para uma volatilidade muito maior. Quando houver energias renováveis, os preços aproximam-se de zero. Quando não houver, aproximar-se-ão do nível do gás, que é bastante mais caro. Haverá uma grande oscilação no mercado horário", acredita.
E é isso que o CEO da EDP considera insustentável para os investidores. "Com estes preços, ninguém vai fazer investimentos em energias renováveis. Por isso é importante ter contratos de longo prazo, que proporcionem alguma previsibilidade e estabilidade ao preço, ou leilões promovidos pelo governo, como tem acontecido no passado, que estabeleçam preços que, embora bastante baixos, pelo menos são estáveis, são conhecidos".
Mais ainda, diz Stilwell, "é importante introduzir outros mecanismos, como os de capacidade, que garantem que certas tecnologias estejam disponíveis para operar quando necessário, mas que não dependem unicamente dos preços da energia determinados pelo mercado".