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Santa Casa com perdas de 1.500 milhões na receita de jogos desde 2019

O provedor da SCML referiu que a instituição procura formas alternativas de receitas, nomeadamente projetos de internacionalização dos jogos, seja a nível da operação ou da consultoria.

Miguel Baltazar
13 de Julho de 2022 às 18:01
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A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) teve desde 2019 perdas de receitas nos jogos de 1.500 milhões de euros, situação que a atual gestão espera ultrapassar em 2023, revelou hoje o provedor da instituição.

Edmundo Martinho, provedor da SCML desde 2017, foi ouvido esta tarde no parlamento na comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão sobre a situação financeira da instituição, a requerimento do PSD.

O pedido de audição dos sociais-democratas baseou-se em declarações públicas de Edmundo Martinho nas quais manifestou "preocupação com a situação financeira da instituição".

Questionado sobre esta questão, o provedor da SCML começou por dizer que a quebra de receitas já se verificava em 2019, fruto da "erosão" dos jogos que são organizados pela instituição.

"Em 2019 já era previsível que a receita dos jogos sofresse uma erosão, não só pela idade dos jogos como pela entrada em força das plataformas de jogos 'online'. Estamos muito dependentes das receitas dos jogos", argumentou.

Edmundo Martinho deu conta que, desde 2019, a SCML teve uma perda global de 1.500 milhões de euros e estimou que só em 2023 é que a instituição será capaz de conseguir arrecadar receitas com valor pré-pandemia covid-19.

Nesse sentido, o provedor da SCML referiu que a instituição procura formas alternativas de receitas, nomeadamente projetos de internacionalização dos jogos, seja a nível da operação ou da consultoria.

A esse propósito, Edmundo Martinho deu como exemplo a operação de jogo em Moçambique (apostas desportivas), nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília (operação/consultoria) e ainda a exploração de jogo 'online' nos Países Baixos.

"Tudo irá depender das jurisdições de cada país, mas são territórios com enorme potencial. Acreditamos que num espaço de dois ou três anos possam significar um retorno significativo", apontou, realçando que esse trabalho começou a ser feito ainda antes da pandemia.

O provedor da SCML foi também questionado sobre o património imobiliário da instituição e sobre a aquisição do Hospital da Cruz Vermelha (HCV).

A propósito do imobiliário, Edmundo Martinho ressalvou que a "esmagadora maioria" dos imóveis da SCML "está afeta à atividade da instituição" e que muitos deles resultam de "doações".

"O património imobiliário resulta sobretudo de doações. É um património que é disperso e poucos imóveis são de grande dimensão", apontou.

Edmundo Martinho sublinhou que a questão da habitação "é muito relevante" para os responsáveis da SCML e ressalvou que alguns dos imóveis têm sido reencaminhados para dar resposta ao arrendamento jovem.

"Nós em Lisboa somos confrontados com muitos pedidos de ajuda para apoio à habitação, no entanto muitos proprietários não estão disponíveis para arrendar casa a certos cidadãos. É uma dificuldade que temos tido", lamentou.

Relativamente à aquisição do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, Edmundo Martinho explicou que a ideia era "revitalizar" o equipamento e torná-lo numa "peça fundamental para a resposta da saúde" na capital.

Questionado sobre a condição financeira do HCV, o provedor da SCML indicou que existe uma "preocupação permanente do saneamento das contas" e que é expectável ter a "situação estabilizada" dentro de um ano e meio.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa formalizou a compra do Hospital da Cruz Vermelha em dezembro de 2020, detendo 54,9% do capital da sociedade gestora do equipamento de saúde.



FAC // VAM



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