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Patrão dos patrões despediu e também aderiu ao PER

A Metalúrgica Luso-Italiana, de António Saraiva, presidente da CIP, recorreu ao PER. Promoveu um despedimento colectivo, vai vender as instalações fabris em Arruda dos Vinhos e promete pagar o que deve em 10 anos.

Miguel Baltazar
23 de Novembro de 2016 às 22:00
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Até o patrão dos patrões portugueses. A profunda crise que abalou o sector imobiliário português, e que se reflectiu nas empresas de comércio de materiais de construção, deixou a indústria do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, à beira da falência.

"Apesar dos continuados esforços na redução de encargos", a Metalúrgica Luso-Italiana, que fabrica torneiras da marca Zenite,  registava "sistematicamente" resultados negativos. Só entre 2011 e 2014, a empresa acumulou prejuízos de 1,4 milhões de euros, para uma facturação da ordem dos 1,6 milhões de euros anuais.

No final do ano passado, lê-se no seu Processo Especial de Revitalização (PER), "o nível de endividamento atingido e a inexistência de activos desonerados priva a empresa de recorrer a novos financiamentos", retirando-lhe assim "a possibilidade de manter uma política de ‘stocks’ que lhe proporcione alguma vantagem competitiva". Por outro lado, "a exigência dos fornecedores no recebimento contra entrega ou antecipadamente torna-se cada vez mais comum", pelo que "a premente exigibilidade do reembolso dos financiamentos limitará em definitivo a tesouraria".

Saraiva promoveu então um despedimento colectivo, que "envolveu cinco pessoas" – adiantou o empresário ao Negócios. E recorreu ao PER. A adesão da Luso-Italiana a este instrumento alternativo à insolvência  visou "tentar solver e dar continuidade à empresa", realçou o seu accionista único.

A Luso-Italiana apresentou-se ao PER com créditos reclamados de 4,1 milhões de euros de 21 entidades, com o BPI à cabeça (1,33 milhões de euros), seguindo-se a sociedade de garantia mútua Lisgarante   (922 mil euros) e a CGD (687 mil euros), destacando-se ainda o crédito de 341 euros do sindicato do sector.

Mas houve 69 credores que não reclamaram os seus créditos, num total de 898 mil euros, entre os quais o próprio dono da empresa  (573 mil euros) e a Associação Industrial Portuguesa (AIP), que tinha a haver 1.331 euros.

De acordo com o processo de recuperação da Luso-Italiana, aprovado pelos credores e homologado pelo tribunal,  a empresa compromete-se a amortizar os créditos comuns e os garantidos em 120 prestações mensais, com um período de carência de capital de entre um (garantidos) e dois anos (comuns). Já os créditos de 103 mil euros resultantes do processo de despedimento colectivo, serão "liquidados mensalmente até 31 de Janeiro de 2019".

Actualmente "com cerca de 20 pessoas" a trabalhar na empresa, em Arruda  dos Vinhos, António Saraiva  nada garante sobre a permanência deste efectivo: "Não sei, não adivinho o que é que o mercado nos vai obrigar", rematou.

Vender os activos e ir para Lisboa 

O PER da Metalúrgica Luso-Italiana determina a alienação das actuais instalações fabris da empresa, em Arruda dos Vinhos, que foram adquiridas em regime de "leasing" imobiliário. "Estamos à procura de alternativas na zona de Lisboa. É um processo de deslocalização que se terá de fazer", enfatizou António Saraiva. A empresa detém também dois apartamentos, situados em Santarém e em Buarcos. Foi em 1987 que Saraiva entrou na Luso-Italiana, como director comercial, a convite do grupo Mello. Acabou por comprar a empresa, em 1996, quando corporizou um MBO. Chegou a empregar 41 pessoas e a facturar 6,5 milhões de euros. 

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