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BRP: “Garrote fiscal do trabalho em Portugal é 30% superior à média da OCDE”

Carlos Moreira da Silva, presidente da BRP Portugal, defende que o custo laboral deve baixar para aumentar os rendimentos dos trabalhadores e tornar as empresas nacionais mais competitivas.

Presidente da BRP Portugal lamenta que mais de 40% do custo com trabalhadores seja entregue ao Estado Fábio Poço
29 de Janeiro de 2025 às 14:59
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Sem redução da carga fiscal sobre as empresas e os trabalhadores, Portugal terá dificuldade em lutar pelo talento no teatro internacional e perderá competitividade. A perspetiva é de Carlos Moreira da Silva, presidente da Associação Business Roundtable Portugal (BRP) Portugal, que considera que "vivemos num país em que ter sucesso é mal visto".

"Temos de ter mais empresas grandes e não podemos ter um sistema de IRC progressivo. A empresa que tem mais sucesso paga uma taxa mais alta, isto é prejudicial", lamentou durante a intervenção na segunda conferência de sustentabilidade organizada esta quarta-feira, no Porto, pelo Jornal de Negócios.

O tema era o pilar social da sustentabilidade, com o mote "Educação, Imigração e Qualidade de Vida: Que caminhos?", e é também aquele que Moreira da Silva considera "o mais importante". Para o responsável, é importante que a sociedade não se esqueça de que "se não criarmos valor, não conseguimos distribuir". Neste campo, acrescenta, as empresas também têm responsabilidade. "A formação profissional não tem a valorização que deve ter. Compete às empresas valorizar as carreiras", aponta.

Mas é nos impostos, na burocracia excessiva e nos custos de contexto que o país precisa de intervir para aumentar a sua competitividade. A propósito do relatório do Tribunal de Contas sobre a sustentabilidade da Segurança Social, Carlos Moreira da Silva reconhece que este "é um tema muito complexo", mas recusa que a resposta deva ser aumentar as contribuições. "Aquilo a que chamamos garrote fiscal do trabalho, o custo total do trabalho, em Portugal é 30% superior à média da OCDE. Hoje, 42,3% do custo total [da empresa com o trabalhador] é para o Estado", critica.

A solução, acredita, está no aumento da base de remuneração. O exemplo das 43 empresas que integram a BRP Portugal deve, para Moreira da Silva, ser fonte de inspiração para outras organizações. "Estas empresas pagam o dobro do salário médio das restantes empresas em Portugal. Isto não é um ato de mecenato, são empresas complexas, com negócios complexos, exigem talento e têm de pagar mais", afirma. Se as organizações tiverem um ambiente fiscal propício ao investimento, é possível fazer um aumento generalizado das remunerações.

Ainda sobre o grupo de trabalho que, a partir desta quinta-feira, vai estudar medidas para assegurar a sustentabilidade da Segurança Social, Moreira da Silva espera essencialmente que o relatório final "tenha medidas de redução do garrote fiscal" e de aumento da rentabilidade anual do fundo de estabilidade.

Saber mais impostos empresas BRP Portugal
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