Representantes do BNP revelaram ontem que os 1.800 milhões de euros das várias contas que o juiz Baltasar Garzón mandou congelar no início deste mês por suspeitas de branqueamento de capitais correspondem na quase totalidade a operações de tesouraria do banco em Londres utilizados em operações legais.

O jornal catalão "El Periódico"  revela hoje, citando fontes jurídicas, que os representantes do BNP, nas declarações prestadas, contrariam a tese de que se tratava de dinheiro de terceiros, suspeitos de evasão fiscal.

O dinheiro, segundo afirmaram, era proveniente de uma sociedade instrumental do banco com sede na Irlanda, denominada Aquarius, e era colocado no mercado espanhol através de depósitos a prazo, e não do interbancário. Uma prática, refere o jornal citando fontes financeiras, que muitos bancos multinacionais levam a cabo para obter maior rentabilidade para a sua tesouraria.

O El Periódico revela ainda que, segundo as declarações prestadas por representantes do BNP, a seguradora catalã Cahispa intermediou estas operações junto de outros bancos em Espanha também com o objectivo de rentabilizar o investimento das suas provisões. Com isto, um empregado desta entidade e outros do banco, de forma concertada, tinham poderes para transferir dinheiro de contas correntes para depósitos, sem que actuassem em nome de supostos clientes.

As revelações do BNP, refere o jornal catalão, contrariam a tese segundo a qual existia um esquema montado para iludir o fisco no qual teriam participado o BNP, o Banco Espírito Santo e a seguradora Cahispa, que originou a operação Suéter, que a 2 de Novembro levou as autoridades espanholas a fazer buscas nestas entidades.

Fonte oficial do BES, contactada pelo Jornal de Negócios Online, afirmou que estas declarações de representantes do BNP "vêm confirmar aquilo que o BES disse na conferência de imprensa de 8 de Novembro: no que ao BES diz respeito foi tudo um grande equívoco!".