Cerca de 59% dos resíduos de construção e demolição (RCD) tiveram um destino final desconhecido em 2005, segundo conta a última edição do jornal Água&Ambiente. Os 14 operadores licenciados para a gestão destes resíduos em Portugal têm uma capacidade de deposição e armazenamento de, pelo menos, 12,7 milhões de toneladas, mas não existe procura.

De acordo com um estudo orientado por Fernando Branco, docente do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, e Said Jalali, professor da Universidade do Minho, a produção anual de RCD do País pode ascender a 4,4 milhões de toneladas.

Contudo, em 2005 os operadores receberam apenas 1,8 milhões de toneladas, desconhecendo-se o paradeiro das restantes 2,5 milhões de toneladas.

A empresa J. Batista Carvalho explora o aterro de Cantanhede, um dos dois locais licenciados pelo Ministério da Economia para a deposição de RCD. Apesar de ter uma capacidade mínima de 2,5 milhões de toneladas, em 2005 recebeu apenas 9 241 toneladas destes resíduos.

De acordo com Alberto Barreto, administrador da empresa, o mercado mostra-se indiferente em relação às soluções existentes devido à falta de legislação específica.

A falta de mercado levou já quatro dos operadores licenciados a optarem por não receber RCD nas suas instalações.

Apesar de terem licenciamento para armazenar temporariamente estes resíduos, britar e valorizar os materiais, empresas como a RRI - Recolha de Resíduos Industriais, a Noites Reciclagem ou a José Machado Ribeiro e Filhos, Lda acabam por apenas recolhê-los nas obras dos clientes e reencaminhá-los de imediato para aterros de resíduos sólidos urbanos, aterros de resíduos industriais banais (RIB) ou locais autorizadas para a deposição de RCD.