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Eleições presidenciais no Egipto começaram hoje

Doze candidatos na corrida presidencial no Egipto. A primeira volta começa hoje.

23 de Maio de 2012 às 10:35
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A primeira volta das presidenciais no Egipto começaram hoje, nas eleições consideradas históricas e destinadas a eleger o sucessor de Hosni Mubarak, derrubado em Fevereiro de 2011.

O Egipto, país mais populoso do mundo árabe, com 82 milhões de habitantes e mais de 51 milhões de eleitores, foi o segundo Estado da região a afastar o presidente, na sequência de uma revolta popular, a seguir à Tunísia.

As presidenciais têm lugar 15 meses após essa revolta e 12 candidatos estão na corrida, depois de 10 candidaturas terem sido rejeitadas por irregularidades. Um outro candidato desistiu.

As urnas abriram às 8 horas locais (sete horas em Lisboa) e encerram às 20 horas. A primeira volta decorre hoje e amanhã.

Os resultados da primeira volta devem ser anunciados a 27 de Maio e caso nenhum candidato seja eleito realiza-se uma segunda volta em 16 e 17 de Junho.

Entre os favoritos estão o antigo secretário-geral da Liga Árabe e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Mubarak, Amr Moussa, o último primeiro-ministro do antigo regime, Ahmad Chafiq, um islamita independente, Abdel Moneim Abul Foutouh e o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Morsi.

Na corrida eleitoral figuram ainda Hamdine Sabbahi (nacionalista árabe), o islamista Selim al-Awa e o jovem activista dos direitos sociais Khaled Ali.

As Forças Armadas, que dirigem o país após o afastamento de Mubarak, prometeram entregar o poder aos civis antes do final de Junho, uma vez eleito o novo presidente.

O grande número de eleitores que se declaram indecisos torna o resultado da eleição presidencial egípcia difícil de prever, dizem os profissionais das sondagens, noticia a AP.

Candidatos com propostas para o futuro do Egipto radicalmente diferentes e a novidade de um voto livre são argumentos avançados para justificar a dificuldade de prever.

Islamitas ou antigos dirigentes de topo do regime do derrubado Presidente Hosni Mubarak, os candidatos têm visto as suas posições mudar significativamente quase todas as semanas, nos inquéritos promovidos por uma entidade financiada pelo governo e outra independente.

Desta forma, a liderança do último primeiro-ministro de Mubarak, o general da Força Aérea Ahmed Shafiq, na sondagem de 16 de Maio perde significado devido ao elevado número de indecisos, que podem o resultado eleitoral em favor de outro candidato.

"O candidato com maior apoio é o 'indeciso'", afirma Maged Osman, que dirige o Baseera, um centro de sondagens independente.

A maioria das sondagens identifica quatro principais candidatos, dois dos quais deverão passar à segunda volta, nas eleições de 23 e 24 de Maio.

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, tem estado de forma consistente à frente nas sondagens realizadas face-a-face pelo Centro Al-Ahram.

Mas caiu nove pontos percentuais, para 31%, em 20 de Maio, seguido de muito perto por Ahmed Shafiq.

O candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, surge em terceiro, no que tem sido o seu melhor lugar, seguido pelo islamita independente e dissidente da Irmandade, Abdel Moneim Abul Fotouh.

Na última sondagem feita pelo Baseera, em 16 de maio, junto de 2.200 pessoas, Shafiq aparece à frente com 19,3%, seguido por Mussa com 14,6% e Abul Fotouh com 12,4%. Mas 33% manifestaram-se indecisos.

Outra sondagem, feita pelo governamental Centro de Informação e Apoio à Decisão (CIAD), em 19 de Maio, também mostra Shafiq à frente, com 12%, seguido por Mussa, com 11%.

A flutuação e contradição das sondagens têm levado alguns candidatos a fazerem acusações aos autores das sondagens de enviesamento e incompetência. A campanha de Mursi compara-os mesmo a "astrólogos".

Os autores das sondagens contra-argumentam com a novidade de eleições livres num país historicamente autoritário e a fragmentação da política subsequente ao levantamento popular.

"Dentro de cada tendência, há uma concorrência intensa entre os candidatos. As tendências políticas podem não decidir um candidato", afirmou o diretor das sondagens do Centro Al-Ahram, Ahmed Nagui Kamha.

"Esta é a primeira vez que os egípcios elegem um presidente; antes, estavam a habituados a escolher entre Mubarak e Mubarak", disse Osman, que dirigiu o centro governamental de sondagens, sob Mubarak, e que foi ministro depois da queda deste.

"Antes, não havia muita diferença entre as retóricas. Agora, é diferente", acrescentou, comentando as propostas dos candidatos.

Mas há ainda outros fatores, salientou. Por exemplo, Shafiq, forçado a demitir-se um mês depois da queda de Mubarak, ganhou muitas simpatias recentemente entre o eleitorado feminino, depois da morte da sua mulher, em abril.

Outra incógnita, mencionada pelo chefe das sondagens do CIAD, Sahar Ammar, reside na capacidade logística das 'máquinas' dos candidatos em levar eleitores para as mesas de voto.

Esta capacidade poderá beneficiar Mursi, que apesar de estar atrás dos outros três candidatos conta com a rede nacional de ativistas da Irmandade Muçulmana, que ajudou os islamitas a desmentir as sondagens para as eleições para o parlamento e o Senado no início do ano.

"Há o elemento da decisão de última hora, o que pode ser afetado pela capacidade da Irmandade Muçulmana de reunir votos", afirmou Osman.


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