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Montepio agrava prejuízo em 2015 para 243 milhões de euros

A quebra da margem e a menor venda de dívida pública ditaram a descida do produto da Caixa Económica. As imparidades, apesar de descerem, ainda pesam, sobretudo devido aos grandes clientes. E vem aí aumento de capital.

Miguel Baltazar/Negócios
18 de Março de 2016 às 09:59
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É o terceiro ano seguido de prejuízos para a Caixa Económica Montepio Geral. A instituição financeira, que pertence ao Montepio Geral - Associação Mutualista, apresentou resultados líquidos negativos de 243 milhões de euros no ano passado.

 

O prejuízo reportado em 2015 representa um agravamento face às perdas de 187 milhões de euros no ano anterior. Em 2013, tinha já havido um resultado negativo de 299 milhões, segundo um comunicado divulgado através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

Para o desempenho das contas da caixa económica presidida por José Félix Morgado (na foto) contou a descida de 32,4% da margem financeira (a base do negócio de um banco, que corresponde à diferença entre juros pagos em depósitos e juros recebidos em créditos) para 227 milhões de euros. O menor volume de crédito e as baixas taxas Euribor justificaram a diminuição da margem, segundo o banco.

 

Além disso, também não houve o contributo com a venda de dívida pública que tinha havido no ano anterior, motivo pelo qual os resultados de operações financeiras caíram 69% para 114 milhões de euros.

 

Em resultado, o produto bancário do Montepio deslizou 42% para 455 milhões de euros num momento em que os gastos operacionais (com pessoal e administrativos) aumentaram. A subida dos gastos foi, em Portugal, de 1,6% mas de 5,2% em Angola, Moçambique e Cabo Verde.

 

20 maiores clientes pesam no crédito

 

O comportamento negativo do banco nas contas de 2015 também se deveu às imparidades para crédito, que caíram 51% mas ainda se encontram nos 258 milhões de euros.

 

O crédito a clientes (bruto) desceu 4% para 15,9 mil milhões de euros, sobretudo devido a Portugal, por conta "de uma exigente política de ‘repricing’ e de gestão do risco na concessão de crédito". As descidas ocorrem em todos os campos, desde a habitação mas também à construção e ao terceiro sector. Mesmo assim, diminuiu em 17,3% a entrada de novos créditos de clientes em incumprimento.

 

Os rácios de crédito em incumprimento e em risco agravaram-se, sendo que o rácio de cobertura também deslizou, mas o banco diz que isso se deve às 20 maiores exposições. "A qualidade do crédito tem vindo a ser penalizada pelo Top 20 do crédito em risco, possuindo todavia uma ampla cobertura de 118,1% de imparidades e colaterais reais associados", indica o comunicado.

 

Já os recursos de clientes, que têm incluídos os depósitos, deslizaram 9,4% para 13 mil milhões de euros.

 

Apesar da quebra de depósitos, José Félix Morgado diz que a situação de liquidez da caixa económica é favorável, sublinhando a redução de 9,4% do financiamento obtido junto do Banco Central Europeu. O que, na óptica do presidente executivo, "desmente um bocadinho" as notícias em torno do Montepio, no ano passado.

 

Vem aí aumento de capital

 

Em termos de capital, o rácio Common Equity Tier 1, rácio de referência que mede o peso do capital de melhor qualidade numa instituição financeira, ficou em 8,81%, mais 31 pontos base (0,31 pontos percentuais) do que no ano anterior, de acordo com as regras aplicáveis neste momento. O mínimo é 7%.

 

Contudo, caso já estivessem em vigor todas as normas constantes do novo regime de regulação Basileia III (que só serão obrigatórias em 2019), o rácio CET1 do Montepio cairia 23 pontos base para 6,75%.

 

Para que os rácios da caixa se venham a reforçar, o Montepio está a implementar um processo de venda de imóveis e de créditos malparados. Aliás, sobre este tema, saíram em 2015 mais activos imobiliários do balanço da caixa económica do que entrado. É a "primeira vez desde 2012".

  

Entretanto, a caixa está a implementar um aumento de capital de 300 milhões que será totalmente subscrito pela Associação Mutualista Montepio Geral. José Félix Morgado diz que o rácio CET1 ficaria em 10,93% se o aumento de capital fosse já incorporado. O aumento de capital servirá para permitir o desenvolvimento do negócio e possibilitar ter um rácio idêntico ao dos clientes, defende o CEO. 

Além disso, a nova administração, em funções desde Agosto do ano passado, está também a reduzir a estrutura de custos, no âmbito do plano estratégico: um plano que passa por rescisões com pessoal e fecho de balcões. Não são dados números mas até ao final do mês vão sair 200 funcionários num programa de pré-reformas. E o objectivo é continuar com a redução, embora Félix Morgado se recuse a avançar com números.

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