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Mário Centeno: “O momento é para respeitar o que fizemos e o que somos”

Sem referir a crise política, o Governador apela a decisões “em prol do objetivo de colocar Portugal num patamar em que nunca estivemos em muitas décadas”. E cita Pessoa para recear o que pode acontecer se essa lógica não for seguida.

12 de Março de 2025 às 13:43
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É uma reflexão que pode encaixar-se na situação política nacional, sem a referir: o Governador do Banco de Portugal diz que o momento atual é para "é para respeitar o que fizemos e o que somos".

"Portugal hoje beneficia de uma situação orçamental financeira e económica invejável", atirou Mário Centeno numa conferência organizada pelo Jornal Económico. "Podemos ser ambiciosos", garantiu, numa intervenção sobre a preparação que o país e os bancos devem fazer para momentos mais difíceis que possam surgir. Portugal "tem de preparar-se para mudanças de ciclo económico", alertou. 

Para Centeno, "a pior coisa que podemos fazer hoje é sentarmo-nos em cima de uma situação cíclica positiva e pensarmos que ela vai perpetuar-se. Não foi assim, não é assim e não será assim no futuro".

O responsável máximo do banco central entende que "há decisões a tomar" – e espera que elas aconteçam "em prol de um objetivo comum que é colocar Portugal e os portugueses num patamar em que nunca estivemos em muitas décadas. Esse respeito deve existir todos os dias e merecer o nosso apoio", concluiu.

E citou Fernando Pessoa: "Se não aproveitarmos este ciclo virtuoso, o que posso fazer é citar o maior escritor português e dizer não sei o que amanhã trará".

"Não é compreensível" remuneração dos depósitos

O Governador não deixou os bancos de fora da análise que faz do momento atual e dos que se avizinham.

À banca, disse, "é exigido que cuide das almofadas que consiga criar. É exigido – podemos exigir- que apoie a economia. Que reflita no rendimento que dá aos portuguesas a remuneração que obtém". 

E endureceu o discurso: "Não é muito compreensível que haja uma diferença significativa dos depósitos no banco central e a remuneração que dá aos seus clientes". "A capacidade da banca de atrair depósitos é atribuída por nós e é uma reponsabilidade social da banca gerir as poupanças dos portugueses", atirou.

Atualmente a taxa de juro de facilidade de depósitos ditada pelo Banco Central Europeu é de 2,5%. A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo continua em queda:em janeiro caiu pelo 13.º mês consecutivo, atingindo 1,98%.

Uma incompreensibilidade que acontece até porque, lembrou, "todos os indicadores da banca são hoje positivos". O Governador referia-se tanto a rácios de capital como de crédito malparado ou rentabilidade, entre outros. "O sistema bancário português está no 'top 5' europeu", concluiu, lembrando que "foi a falta de confiança que nos levou a crises financeiras" e que "a banca tem a obrigação de respeitar o contrato social que lhe é atribuído fiduciariamente pelo Estado".

"A Europa tem de vencer a guerra"

Numa fase em que o mundo assiste a um rebalanceamento dos poderes globais, com Donald Trump a aproximar-se de Vladimir Putin e a afastar-se da Ucrânia e da Europa, o responsável máximo do Banco de Portugal afirma que "a Europa tem uma guerra que tem que vencer. A guerra é na Europa, não é em mais nenhum sítio do mundo", constatou. 

"Essa vitória precisa de investimentoe e recursos e os europeus tem de estar disponíveis para a travar", disse, num conteto que que o rearmamento europeu están em cima da mesa dos líderes dos 27. 

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