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Setor de rent-a-car com quase 60% da atividade parada espera "pior ano de sempre"

Carros alugados para fins de lazer têm de ser entregues ao fim de cinco dias, mas a associação do setor estima que o número de veículos a uso seja "residual". Procura por carros de mercadorias tem aumentado, mas não compensa a quebra do turismo.

Adré Areias/Lusa
24 de Março de 2020 às 19:51
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A Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor (ARAC) espera que 2020 seja "o pior ano de sempre" para o setor. A culpa é do coronavírus, que está a deixar estacionados milhares de veículos de aluguer. O turismo representa 60% da atividade dos cerca de 150 associados da ARAC, que vêm neste momento a sobrevivência das empresas em risco.

"A situação das empresas é dramática, muitas dificilmente vão resistir, a não ser que haja apoios muito rapidamente. A Páscoa costuma ser uma época de pico, em que as frotas são reforçadas, e neste momento estão a ser canceladas todas as compras. Os carros que andam com turistas contam-se pelos dedos das mãos", diz ao Negócios Joaquim Robalo de Almeida, presidente da ARAC. 

O responsável reagiu esta terça-feira ao decreto publicado ontem em Diário da República, que estabelece a devolução em cinco dias úteis de veículos de passageiros sem condutor, que tenham sido alugados antes do Estado de Emergência. A norma, esclarece a ARAC, aplica-se apenas aos carros "utilizados para fins de lazer ou equiparados". São estes que representam 60% da atividade das empresas de rent-a-car, que está neste momento "parada". 

Já os veículos de passageiros que obedecem aos critérios de uso definidos pelo despacho não estão sujeitos a esta norma, logo não têm de ser entregues ao fim de cinco dias. A excepção abrange "deslocações para aquisição de bens ou serviços essenciais, nomeadamente medicamentos, e as deslocações por motivos de saúde ou para assistência a outras pessoas", e ainda "o exercício das atividades de comércio a retalho ou de prestação de serviços", bem como de "assistência a condutores e veículos avariados, imobilizados ou sinistrados".

"Os cinco dias correspondem a uma parte residual dos veículos em uso. Há poucos carros neste momento abrangidos por esta medida. Os carros podem ser usados para ir à farmácia ou ao supermercado, mas não para passear. Já as empresas que têm as suas frotas em regime de rent-a-car e estejam autorizada a laborar, também podem manter o uso dos carros", sublinha Joaquim Robalo de Almeida. 

Fora dos limites impostos pelo despacho estão ainda os veículos de mercadorias, ou rent-a-cargo. Estes "constituem serviços essenciais na mobilidade de pessoas e mercadorias, fundamentais para a distribuição de alimentos, medicamentos, profissionais de saúde, bem como de outros profissionais de cuja atividade não se pode prescindir, pelo que estas empresas manter-se-ão em funcionamento".

Entre os associados da ARAC, o aluguer de carros de mercadorias tem aumentado nas últimas semanas, em parte devido ao aumento das compras online, ressalva o responsável. Nomeadamente,"tem havido um acréscimo da procura por parte de serviços de entregas de compras de supermercados e farmácias". No entanto, esta subida "não é suficiente" para compensar a quebra do turismo. 

A ARAC representa 150 empresas e cerca de 6500 trabalhadores. Joaquim Robalo de Almeida prevê que a quebra da procura por carros alugados, e consequentemente do volume de negócios das empresas, venha a ter consequências na venda de carros, já que o rent-a-car "é o setor que mais viaturas compra em Portugal".
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