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Nova bilionária está a emergir em Bordéus

Quatro décadas depois do seu pai ter comprado a Chateau Margaux, Corinne Mentzelopoulos transformou a vinha num negócio milionário.

19 de Maio de 2018 às 20:00
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Quando o seu pai morreu em 1980, Corinne Mentzelopoulos herdou um império comercial que incluía 1.600 supermercados, 80 prédios no centro de Paris, um hotel que foi o lar de Luís XIV e uma vinha decadente que a família tinha comprado quase por capricho três anos antes.

 

Hoje, a vinha fez dela uma bilionária. Trata-se de Château Margaux, uma das poucas propriedades que podem reivindicar a premiada designação Premier Cru, concedida por Napoleão III em 1855 aos melhores "terroirs" de Bordéus para produzir vinho.

 

"Margaux não é apenas uma empresa, é algo muito especial", diz Mentzelopoulos. "A luz é sempre diferente. É extraordinária no Outono. Fico emocionada só de falar."

 

O pai de Mentzelopoulos, um magnata dos supermercados nascido na Grécia, pagou em 1977 um preço relativamente modesto - 72 milhões de francos (16 milhões de dólares) - pela Margaux, que esteve dois anos à venda. A explosão da procura por vinhos finos nas últimas quatro décadas e uma crescente vaga de bilionários dispostos a pagar bem por activos-troféu significam que uma propriedade "Premier Cru" como Margaux poderá facilmente chegar a valer mil milhões de dólares - embora Mentzelopoulos diga que o seu comprador ideal é "ninguém".

 

Mesmo que não esteja interessada em vender, o preço potencial faz de Mentzelopoulos uma das mulheres mais ricas de França - e fez da Margaux, que tem apenas 81 funcionários, uma das mais pequenas empresas bilionárias do mundo. Os 262 hectares do precioso solo de cascalho produzem cerca de 280.000 garrafas de vinho por ano, e cada unidade das colheitas recentes pode ser vendida por mais de 1.000 dólares.

 

Com o aumento do número de pessoas extremamente ricas, os vinhos finos deixaram de ser um passatempo extravagante e tornaram-se um investimento comum, coleccionados por um quarto dos ricos do planeta, segundo o Barclays. Com ricos enófilos chineses a impulsionar a procura, o vinho tornou-se o activo de luxo com o segundo melhor desempenho, atrás dos carros clássicos, afirma a consultoria imobiliária Knight Frank.

 

Mentzelopoulos não quis revelar informações financeiras, mas analistas estimam que a receita anual da Château Margaux totaliza cerca de 100 milhões de dólares. Como as propriedades "Premier Cru" estão a gerar margens de lucro entre 70% e 99%, isto significaria uma receita operacional superior a 70 milhões de dólares. Para melhorar, os comerciantes pagam à Margaux antecipadamente, e parte do vinho é vendida "en primeur", uma espécie de sistema de futuros em que uma colheita é comprada - e paga - enquanto ainda está no barril, um ano antes de ser entregue.

 

Mas estes detalhes financeiros seriam de pouco interesse para um potencial comprador. Assim como a mansão neoclássica conhecida como "Versailles du Médoc", as adegas abastecidas e a vinícola projetada por Norman Foster. Se Mentzelopoulos fosse vender, o preço dependeria principalmente de uma só coisa: o desejo do comprador de possuir algo único no mundo.

 

"O nome Margaux é extremamente emblemático", diz Michael Baynes, co-fundador da Vineyards-Bordeaux, uma consultoria de investimentos afiliada à Christie’s International Real Estate. "Nunca existirá outra classificação de 1855", diz o responsável. "Como vendedor, está em uma posição muito poderosa."

(Texto original: A Wine Billionaire Emerges in Bordeaux)

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