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Setor privado representa mais de metade da oferta hospitalar em Portugal

No âmbito da operação por privados, 35% do total das camas estão nas mãos de cinco operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde, segundo estudo da CBRE sobre o setor das residências sénior e cuidados de saúde.

CUF, que pertence ao Grupo José de Mello, é um dos maiores operadores do mercado privado de saúde.
09 de Janeiro de 2025 às 16:35
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O setor privado representa 54% da oferta hospitalar em Portugal, dispondo de 131 hospitais com aproximadamente 11.700 camas, revela um estudo divulgado, esta quinta-feira, pela CBRE Portugal que nota um dinamismo crescente no mercado português.

Em comunicado, a consultora imobiliária nota que "o mercado português tem vindo a registar um dinamismo crescente oferecendo diversas oportunidades de investimento", considerando que em 2050 mais de um terço da população portuguesa será idosa e Portugal o terceiro país mais envelhecido da União Europeia. Em 2020, 23% da população portuguesa tinha mais de 65 anos comparando com 21% na UE, mas como refere "é expectável que até 2026 esta percentagem em Portugal cresça para 34%. 

Além disso, enfatiza, citando dados oficiais, o montante gasto pelos portugueses em cuidados de saúde tem vindo a aumentar ano após ano, atingindo 26,5 mil milhões de euros em 2023, o que representa 10% do PIB português, e traduz um crescimento de 50% em relação a 2016. O montante alocado a cuidados em ambulatório (ou seja, sem internamento dos pacientes) representou 46% do valor gasto pelas famílias, totalizando 1.074 euros "per capita".

A procura foi acompanhada pela oferta a avaliar pelos dados do estudo, denominado Portuguese Healthcare and Senior Living, uma vez que entre 2014 e 2017 o número de hospitais manteve-se estável, mas  desde então, aumentou 8% com a abertura de 18 novas unidades, sendo que apenas uma delas foi desenvolvida pelo setor público. Atualmente, existem 243 hospitais que, em conjunto, somam mais de 36.000 camas, segundo a CBRE.

"O mercado privado de saúde está assim a crescer significativamente: mais procura de cuidados, mais vidas cobertas por seguros de saúde e menos resposta da oferta pública – com graves problemas estruturais (encerramentos de emergência, capacidade de resposta limitada em diversas especialidades, tempos de espera significativos, etc.", refere na nota enviada às redações, em que indica que um dos motivos pelos quais se afigura atrativo investir no setor dos cuidados de saúde prende-se com o rácio de cama por habitante, já que na Europa é de 5,3 camas por cada 1.000 habitantes, enquanto em Portugal corresponde a 3,5 camas por 1.000 habitantes. 

No âmbito da operação por privados, atualmente, em Portugal, 35% do total das camas estão nas mãos de cinco operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde.

Já no que toca às unidades de cuidados continuados, o estudo da CBRE contabiliza 377, com um total de 9.771 camas, das quais apenas 2% estão no setor público, sendo as outras 98% operadas por entidades sem fins lucrativos, como a Santa Casa da Misericórdia, IPSS ou privados.

"A falta de camas no serviço nacional de saúde é bastante severa, particularmente nos distritos de Lisboa e Porto. Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta", observa José Moutinho, responsável pela área de "research" na CBRE Portugal.

no âmbito das residências sénior, a CBRE conta 2.632 em todo o país, das quais 25% são operadas por empresas privadas. Segundo a consultora imobiliária, a taxa de ocupação dos lares em Portugal é de 91,8% e 70% dos utilizadores esteve nestas unidades por um máximo de cinco anos, enquanto 10% esteve numa destas estruturas por um período igual ou superior a dez anos. As Residências Montepio, o Grupo EMEIS, a DomusVi, a PSHC e Naturidade figuram como os cincos principais operadores de residências sénior totalizando, juntas, mais de 3.800 camas.

"Em Portugal, nos anos de 2020 e 2021, transacionaram-se três importantes portefólios e, apesar de desde então não se terem registado transações nestes setores, existem algumas operações em 'pipeline' que ultrapassam os 50 milhões de euros. Acredito que o investimento venha a crescer significativamente no futuro e este setor assista à entrada de novos investidores e operadores internacionais atraídos pela oportunidade que Portugal representa como país", comenta Igor Borrego, Head of Capital Markets da CBRE, também citado na mesma nota.

Para a consultora há nove grandes fatores que tornam a saúde apetecível em termos de investimento, entre os quais "aumento significativo do número de idosos e pessoas dependentes", "elevado desequilíbrio entre oferta e procura", "falta de oferta de cuidados especializados", "elevada faixa populacional com cobertura de seguro de saúde (1/3 da população)". Além disso, trata-se de um "setor polarizado com enorme potencial de expansão e consolidação dos operadores" e apresenta "diversas oportunidades de investimento uma vez que é ainda marcado por proprietários também responsáveis pela operação". A existência de "pensionistas com poder de compra gerados pela propriedade de imóveis ou poupanças" e "a atratividade de Portugal junto de reformados estrangeiros" também jogam a favor, diz a CBRE para quem "as residências sénior ou clínicas de cuidados especializados representam um investimento estável no longo termo".





























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