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Bial ganha licença nos EUA para vender medicamento para Parkinson na Europa

A farmacêutica portuguesa, que tem à venda no mercado mundial o seu antiparkinsoniano Ongentys, assinou um acordo de licenciamento exclusivo com a norte-americana Sunovion para a comercialização no continente europeu da única terapia para episódios “off” da doença de Parkinson.

#41 - António Portela
António Portela, CEO da Bial.
02 de Setembro de 2021 às 13:00
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Um ano depois de o Ongentys, o medicamento desenvolvido pela Bial para a doença de Parkinson e onde investiu cerca de 300 milhões de euros, ter chegado às farmácias dos Estados Unidos, mercado onde a Sunovion comercializa em exclusivo o antiepilético da farmacêutica portuguesa, a companhia da família Portela firmou um acordo com a sua parceira norte-americana que traça o caminho inverso em termos comerciais e geográficos no mundo dos antiparkinsonianos.

 

Em causa está a assinatura de um acordo de licenciamento exclusivo da Bial com a Sunovion, que é detida pela japonesa Sumitomo, para a comercialização em toda a Europa daquela que, garantem, é "a primeira e única terapia sublingual disponível para o tratamento de episódios ‘off’ da doença de Parkinson".

 

"Como parte do acordo, a Sunovion receberá um pagamento inicial pela concessão da licença, decorrendo futuros pagamentos na sequência do processo de aprovação e comercialização deste medicamento", adianta a Bial, em comunicado, sem revelar valores.

 

O filme sublingual de apomorfina, que está já aprovado com a marca Kynmobi nos Estados Unidos e no Canadá, encontra-se atualmente em fase 3 de desenvolvimento cínico na Europa, sendo que, nos termos do acordo estabelecido com a Sunovion, a Bial será responsável pelo processo de aprovação e submissão regulamentar, incluindo as interações com a Agência Europeia de Medicamentos.

 

A Bial "perspetiva apresentar um pedido europeu de Autorização de Introdução no Mercado para o filme sublingual de apomorfina até ao final de 2021", avança a farmacêutica sediada na Trofa.

 

"Estamos muito satisfeitos com este acordo e por sermos o parceiro de eleição da Sunovion na Europa", começa por afirmar António Portela, CEO da Bial.

 

"A Bial tem um compromisso contínuo com os doentes de Parkinson. Esta parceria reflete esse compromisso com a comunidade de Parkinson e é também um passo importante na nossa estratégia de desenvolvimento e de expansão na Europa. Estamos ansiosos por poder disponibilizar esta opção de tratamento e, assim, poder ajudar os doentes a lidar com sintomas tão difíceis e incapacitantes como são os episódios ‘off’ nas suas vidas", enfatiza o presidente executivo da Bial.

Filme dissolve-se debaixo da língua para o tratamento dos períodos "off"

Mas, afinal, o que é isso de filme sublingual de amorfina e que benefícios produzem nos doentes de Parkinson?

A apomorfina sublingual "é uma nova formulação da apomorfina em filme que se dissolve debaixo da língua para o tratamento agudo e intermitente dos períodos ‘off’ da doença de Parkinson", sendo que o denominado período "off" em doentes de Parkinson caracteriza-se por um estado de profunda imobilidade dos doentes com evidência dos habituais sintomas como lentidão dos movimentos, dificuldade na mobilidade e tremor.

 

"À medida que a doença de Parkinson progride, a resposta dos pacientes à levodopa / carbidopa torna-se menos consistente e, como resultado, enfrentam episódios ‘off’ debilitantes", refere Antony Loebel, presidente e CEO da Sunovion.

 

"O filme sublingual de apomorfina oferece aos profissionais de saúde e aos pacientes uma nova opção de tratamento para tratar episódios ‘off’. Esperamos trabalhar com a Bial para ajudar a expandir o acesso a esta importante opção de tratamento para pessoas com doença de Parkinson em toda a Europa", remata Loebel.

 

A doença de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa, crónica e progressiva, caracterizada por uma forte redução do neurotransmissor dopamina, provocada pela degeneração de determinados neurónios no cérebro.

 

De acordo com a descrição da Bial, "os denominados episódios ‘off’ são caracterizados pelo ressurgimento ou o agravamento dos sintomas da doença de Parkinson", estimando-se que "cerca de 60% dos doentes de Parkinson começa a sentir os primeiros períodos ‘off’ quatro a seis anos após o diagnóstico e os sintomas podem agravar-se, em frequência e em severidade, à medida que a doença evolui".

 

Esta é a segunda doença neurodegenerativa mais comum após a doença de Alzheimer, e a sua prevalência está a aumentar à medida que a população mundial envelhece.

 

Até 2030, estima-se que 10 milhões de pessoas em todo o mundo viverão com Parkinson.

 

 

 

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