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Todos querem um “virar de página”. Como os partidos leram o discurso de Marcelo

Seja para um “novo ciclo político”, seja para que 2022 represente um “virar de página” da pandemia, quase todos os partidos dizem concordar com a mensagem de Ano Novo do Presidente da República.

As novas regras aprovadas com os votos favoráveis de PS, BE e PAN ainda vão a Belém. Entram em vigor no mês seguinte ao da sua publicação.
Bruno Colaço
02 de Janeiro de 2022 às 12:31
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Quase todos os partidos com assento parlamentar conseguiram ver na mensagem de Ano Novo do Presidente da República pontos de convergência. Marcelo Rebelo de Sousa falou sobretudo da atual situação pandémica, afirmando que é preciso o país "virar a página".

O PS diz "rever-se plenamente" nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa para a estabilidade. O PSD junta-se ao apelo para a necessidade de "virar a página". O Bloco de Esquerda aponta "um novo ciclo político", mas com acordo à esquerda. Já para o PCP as palavras do Presidente são "evidências"; para o CDS o "virar de página" tem de ser "com a direita certa". O PAN aponta a necessidade de mudar o "paradigma" e a Iniciativa Liberal defendeu que "é de facto hora de virar a página" na gestão da pandemia e no modelo de desenvolvimento do país. Já para o Chega, Marcelo "falhou" ao não identificar os responsáveis pela atual crise política.

Na reação às palavras do Chefe de Estado, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, afirmou rever-se "plenamente" na mensagem de Ano Novo. "Revemo-nos em primeiro lugar porque o país precisa de estabilidade política para consolidar a estratégia de combate à pandemia e de previsibilidade nas opções políticas para assegurar as condições de recuperação da economia e das condições de vida dos portugueses", afirmou o dirigente socialista.

"Juntos conseguimos virar a página da austeridade em 2015 e, agora, juntos vamos conseguir virar a página desta pandemia e assegurar o crescimento da economia e a recuperação das condições de vida de todos os portugueses e reforçar Portugal como um país de progresso e de bem-estar", referiu.

Também o PSD concorda com a necessidade de "virar a página". "É obviamente com sentido de dever e com muita proximidade das palavras do senhor Presidente da República que nos associamos à necessidade do virar de página do nosso país", afirmou o vice-presidente do PSD, André Coelho Lima. O dirigente social-democrata salientou que partido "se apresenta naturalmente com toda a humildade a estas eleições com o objetivo de as vencer", para "protagonizar esse virar de página, para protagonizar essa ambição, esses novos momentos que o país precisa".

O Bloco de Esquerda aponta para a importância de um "novo ciclo político" depois das eleições legislativas, mas com uma maioria de esquerda sem "maiorias absolutas ou tentativas de bloco central".

O dirigente bloquista Bruno Maia lembrou que "desde 2019 até agora o PS recusou fazer um acordo à esquerda em torno de compromissos concretos. O que vai fazer a diferença daqui para a frente é a força do voto das pessoas. Se houver um voto que diga que tem de haver uma maioria à esquerda sem maioria absoluta do PS, então essa maioria de esquerda está legitimada e tem de se sentar à mesa para negociar", afirmou o candidato a deputado do BE pelo círculo eleitoral de Lisboa.

Para o PCP, as palavras de Marcelo foram "evidências" sobre o que se passa no país. "Aquilo que o senhor Presidente da República diz são para nós evidências, de que é importante que o ano de 2022 dê um passo para que os problemas concretos das pessoas sejam resolvidos", apontou o deputado comunista António Filipe, apontando como problemas concretos os baixos salários, o acesso à habitação e condições de acesso a cuidados de saúde.

O CDS-PP também concorda na generalidade com as palavras do Presidente da República. O presidente da mesa do Congresso dos centristas, Martim Borges de Freitas considerou que as eleições legislativas "podem na verdade significar um virar de página porque as pessoas são de facto mais livres para poder votar", sustentando que "o voto útil em Portugal deixou de existir" porque desde 2015 "não é necessária a maioria de um só partido para governar, como nem sequer é necessária a vitória de um partido para que seja indicado o primeiro-ministro".

Também usando as mesmas palavras do Presidente da República, a Iniciativa Liberal apontou a necessidade de virar a página "É de facto hora de virar a página. Virar a página na gestão da pandemia, e atenção já para o dia 30 de janeiro em que temos oportunidade de mudar as coisas, que essa oportunidade não seja perdida para muitos daqueles que vão estar em confinamento ou isolamento – é preciso tratar dessa questão –, mas também virar a página no modelo de desenvolvimento de Portugal, nas políticas que são aplicadas em Portugal e que não podem continuar a produzir mau emprego, poucas oportunidades, salários baixos", defendeu o presidente da IL, João Cotrim Figueiredo.

"Esperamos que este ano seja um ano de mudança, mas uma mudança pela positiva", considerou, por sua vez, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, que lamentou a ausência de palavras do Presidente sobre o voto dos confinados devido à pandemia. "Ainda não sabemos o que o Governo está a antecipar relativamente ao ato eleitoral para que esteja assegurado o direito ao voto de todas as pessoas, em particular aquelas que vão estar em isolamento ou doentes por força da covid-19, entre outras doenças", indicou a líder do PAN, notando que "não ouviu uma palavra do Presidente" sobre "este grande desafio para a democracia".

"O Presidente da República, consciente que vamos entrar num novo ciclo político imprevisível, foi incapaz, na nossa perspetiva, de identificar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver: o PS e a extrema-esquerda, que não conseguiram fazer aprovar o Orçamento do Estado e resolver a situação económica e política do país", indicou.

Já o líder do Chega considerou que a mensagem de Ano Novo do Presidente da República "falhou no essencial", criticando-o por não ter identificado os responsáveis pela crise política e por ter-se focado em demasia na pandemia.

"O Presidente da República, consciente que vamos entrar num novo ciclo político imprevisível, foi incapaz, na nossa perspetiva, de identificar os verdadeiros responsáveis pela crise que estamos a viver: o PS e a extrema-esquerda, que não conseguiram fazer aprovar o Orçamento do Estado e resolver a situação económica e política do país", indicou André Ventura.

Com Lusa

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