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Ventura não dará a mão a Moedas. Ex-comissário não comenta

Carlos Moedas quer unir a família não socialista para derrotar Medina, mas exclui quaisquer laços familiares com o Chega. No entanto, esse apoio pode ser necessário para o social-democrata governar com maioria absoluta. Ao Negócios, André Ventura assegura que o Chega não irá "dar a mão a quem desrespeita" o Chega, enquanto Carlos Moedas prefere, por ora, não acrescentar nada à declaração de candidatura.

Nuno Veiga / Lusa-EPA
06 de Março de 2021 às 10:00
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Carlos Moedas não conta com o Chega para a coligação com que pretende conquistar a presidência da câmara de Lisboa, porém, por agora, não diz se admite contar com o apoio do partido de André Ventura num cenário em que tal seja indispensável para alcançar a maioria absoluta na capital. Já o presidente do Chega assegura que não dará a mão a Moedas, nem mesmo se o ex-comissário depender do seu partido para governar com maioria.

Na apresentação da candidatura à câmara de Lisboa, feita esta quinta-feira, Carlos Moedas confirmou a vontade de constituir uma megacoligação capaz de "congregar este espaço que chamaria de não socialista, moderado e progressista". E se dúvidas houvesse de que o Chega não tem lugar nessas forças moderadas, o antigo comissário europeu apontou os partidos com os quais conta ou deseja contar: PSD, CDS, Iniciativa Liberal, Aliança, MPT e PPM.

O presidente do Chega acusou o toque e, esta sexta-feira, ao Observador, André Ventura garantiu que no final das contas, leia-se quando os resultados eleitorais estiverem apurados, Carlos Moedas "vai implorar por um acordo". "Vamos à luta sozinhos", atirou.

Ficou claro pelo discurso de Carlos Moedas que este não conta com o Chega para apoiar a coligação de forças partidárias e de independentes com que irá apresentar-se nas autárquicas. Contudo, na intervenção feita a partir do Instituto Superior Técnico, não foi abordada a possibilidade de a aliança protagonizada por Moedas receber um apoio pós-eleitoral do Chega se necessário para assegurar a maioria absoluta.

De resto, seria uma circunstância análoga à que aconteceu na sequência das eleições de 2017. Há quase quatro anos, o socialista e atual presidente da câmara lisboeta, Fernando Medina, venceu, numa eleição em que PS e Livre tinham um acordo pré-eleitoral, com 42% dos votos, mas ficou a um vereador da maioria absoluta. Foi a coligação depois forjada com o Bloco de Esquerda que permitiu e permite a Medina governar com maioria.

Questionado sobre se aceitaria apoiar um executivo camarário de Moedas para assegurar a maioria e retirar o PS do poder na capital, André Ventura não deixa margem para dúvidas.

"O PSD já mostrou que não tem interesse em contar com o Chega, insistindo em cercas sanitárias e nós não estamos pré-dispostos a dar a mão a quem desrespeita um partido que é atualmente uma das maiores forças do sistema político nacional", afirma Ventura.

Por seu turno, Carlos Moedas resguarda-se no silêncio. Fonte oficial da candidatura de Moedas disse ao Negócios que o antigo membro do Governo de Passos Coelho, "para já, não acrescenta declarações à apresentação da candidatura a Lisboa feita na passada quinta-feira".

Se Moedas trabalha para federar partidos e independentes, ainda que excluindo o Chega, Medina não poderá contar com alianças pré-eleitorais com Bloco de Esquerda, PCP ou PAN, já que as três forças de esquerda pretendem avançar sozinhas nas autárquicas.

A SIC Notícias olhou para os resultados verificados no concelho de Lisboa nas últimas eleições legislativas e observou que, juntos, PS e Livre somaram 36,53% dos votos, ligeiramente abaixo dos 36,84% obtidos por PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Aliança.

Ao invés do que, por exemplo, pode suceder em eleições para a Assembleia da República, em que um partido ou coligação não precisa ser o mais votado para formar governo desde que assegure apoio maioritário no Parlamento, nas eleições locais governa a lista vencedora, independentemente de ter ou não obtido maioria absoluta.
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