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Legislativas: BE e Chega trocam acusações sobre combate à corrupção e apoios sociais
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) acusou no domingo o líder do Chega de nunca ter feito nada no combate à corrupção, com André Ventura a responder que os bloquistas querem "dar tudo a quem não tem nada".
03 de Janeiro de 2022 às 07:06
No segundo debate do dia (domingo) entre líderes partidários no âmbito das eleições legislativas de 30 de janeiro, que decorreu na SIC Notícias, Catarina Martins citou duas vezes o Papa Francisco e dirigiu-se a André Ventura tratando-o sempre como o "candidato da extrema-direita", com o líder do Chega a considerar a coordenadora bloquista uma "excelente atriz".
No arrancar do debate, a coordenadora do BE abordou o tema da corrupção e defendeu que "uma das decisões" e das "maiores escolhas que o país tem de fazer para abrir um novo ciclo político é o combate determinado à corrupção", apontando diretamente para o Chega, que acusou de nunca ter feito nada nessa matéria.
Em resposta, André Ventura acusou o BE de querer aumentar o Rendimento Social de Inserção (RSI) e afirmou que, nas próximas eleições legislativas, irá fazer "tudo" para "retirar António Costa do poder" e para "acabar com este país em que metade trabalha para sustentar a outra metade".
Perante a insistência da líder do BE -- que reiterou que o Chega não apresentou "uma única proposta concreta" para "criminalizar as transferências para 'offshores' e acabar com os vistos 'gold'" -- André Ventura garantiu que a sua força partidária apresentou uma proposta na Assembleia da República para duplicar as penas por corrupção passiva dos oito para os 16 anos, além de ter proposto uma comissão de inquérito para investigar o financiamento de campanhas eleitorais por parte do BES, acusando os bloquistas de terem votado contra ambas as iniciativas.
"Portanto, quando o BE quiser debater corrupção, marque o dia e a hora, eu estou lá de manhã até à noite consigo, a noite toda se quiser, o dia todo se quiser, e debatemos corrupção", disse.
Acusando Ventura de ser "mais previsível que um disco riscado" e de não ter dito "nada sobre a criminalização dos 'offshores'", bem como de ter votado "contra o fim dos vistos 'gold'", Catarina Martins retomou uma frase do líder do Chega -- "metade trabalha para sustentar a outra metade -, para alegar que, em Portugal, há 2% de "pessoas tão pobres que precisam de prestações sociais" e que uma em cada três pessoas que beneficiam do RSI são crianças.
"Na verdade, eu percebo o sentimento que existe no país de que há quem trabalhe para outros que não trabalham, só que não são os que precisam de apoios sociais e estão na pobreza, são aqueles que a extrema-direita ajuda, mantendo os vistos 'gold', mantendo os 'offshores', mantendo esta cortina de fundo para uma economia que vive da exploração", frisou.
"Vamos lá ser aqui muito sérios", respondeu André Ventura, alegando que, tanto nos Açores como noutras regiões do país, "anda metade a viver à conta dos outros que estão a trabalhar, empresários nem conseguem ter pessoas para trabalhar".
O líder do Chega acusou o BE querer o "aumento da subsidiodependência em Portugal quando já não se consegue encontrar trabalho para restaurantes, cafés, bares", assim como de propor "100 mil casas públicas" que irão "para muitos que nunca fizeram nada, nem farão".
"Querem dar tudo a quem não tem nada, querem dar nada a quem tem alguma coisa, e querem tirar tudo aos outros para continuarem a aumentar as vossas clientelas", afirmou Ventura.
Na sua última intervenção no debate, Catarina Martins afirmou que os portugueses devem definir se querem viver "num país em que os pobres são cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos", ou se querem "viver num país decente".
"A proposta da extrema-direita é tornar os ricos mais ricos", apontou a líder bloquista, com André Ventura a responder que o Chega "quer é que se gere trabalho e riqueza", criticando o Governo, "com o apoio do BE", pelo que disse ser a "carga fiscal mais elevada de sempre".
"Se baixarmos esta carga fiscal para as famílias, empresas, pequenos negócios, restaurantes, bares, para o comércio, para aqueles que sustentam o Estado -- não é para os que não fazem nada --, vamos poder criar emprego e aí, em vez de estarem a viver de subsídios, criam emprego", concluiu.