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Inflação na Turquia acelera 21,3% em novembro devido à desvalorização da lira

Desde o início de setembro, a lira perdeu quase 40% face ao dólar. Erdogan tem insistido em avançar com cortes nas taxas de juro para conter a subida da inflação, mas a medida tem gerado um efeito inverso. Protestos contra política monetária adotada pelo Governo multiplicam-se.

AFP
03 de Dezembro de 2021 às 13:27
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A inflação na Turquia acelerou em novembro pelo sexto mês consecutivo, tendo atingido o valor mais alto dos últimos três anos. A subida acentuada da inflação é explicada pela desvalorização da moeda local (a lira) que tem vindo a afetar o poder de compra dos turcos e a gerar uma série de protestos contra o Governo.

Os dados divulgados esta sexta-feira pelo gabinete de estatísticas turco revelam que a taxa de inflação subiu 21,3% em novembro, apanhando de surpresa os analistas que previam que o índice de preços ao consumidor se tivesse fixado nos 20,7%. A oposição ao Governo de Recep Erdogan alerta, no entanto, que a inflação "real" é de cerca de 40%.

O disparo da inflação acontece numa altura em que o presidente turco, Recep Erdogan, tem insistido em avançar com cortes nas taxas de juro para conter a subida da inflação. A medida vai contra as regras gerais da ortodoxia económica, mas o presidente turco insiste em ignorar os alertas para os riscos que a medida terá na estabilização dos preços. 

"Abandonámos a política de taxas de juro elevadas e avançámos para uma estratégia de crescimento através do investimento, emprego e produção", defendeu o presidente turco ainda esta quarta-feira, num comício.

A decisão de Recep Erdogan em avançar com sucessivos cortes nas taxas de juro, após ter demitido o presidente do banco central turco que se oponha à ideia, tem levado os investidores estrangeiros a retirar ativos do país, o que, por sua vez, conduziu a uma derrapagem da lira. Desde o início de setembro, a lira perdeu quase 40% face ao dólar. 

Fitch baixa 'rating' da Turquia de "estável" para "negativo"
Para conter a desvalorização da moeda, o banco central turco já interviu pela segunda vez esta semana, justificando a decisão com "composições de preços pouco saudáveis". Para isso, o banco central turco tem estado a vender algumas das reservas de moedas mais fortes que tem, como é o caso do dólar e do euro, para dar força à lira. 

No entanto, a agência de notação Fitch baixou esta quinta-feira o rating da Turquia de "estável" para "negativo", alertando que os esforço da venda de moeda estrangeira "não resolve por si só as causas por trás da depreciação" da lira e alertam para os "a já fraca composição das reservas internacionais do banco central" turco.

A desvalorização da lira levou também esta quinta-feira à demissão do ministro das Finanças, que tinha rejeitado em privado a estratégia monetária de Recep Erdogan e era já o terceiro a ocupar o cargo desde novembro. A lira esta esta sexta-feira a negociar com grande volatibilidade, estando agora a subir 0,60%.
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