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Lula, Dilma e Temer receberam milhões da Odebrecht, diz ex-presidente da empresa

As mais recentes revelações prometem fazer abanar o frágil governo do actual presidente. Há pedidos de inquérito sobre nove ministros de Michel Temer, designadamente sobre Eliseu Padilha, uma espécie de primeiro-ministro,

Reuters
13 de Abril de 2017 às 16:47
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Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo empresarial brasileiro Odebrecht, afirmou, no depoimento de "delação premiada" ao juiz Sérgio Moro, que conduz a operação Lava Jato, que políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) tinham na empresa uma espécie de conta de crédito na qual solicitavam recursos para financiar campanhas eleitorais. Lula da Silva, ex-presidente, António Palocci, antigo ministro das Finanças, estão entre os principais destinatários, assim como a campanha presidencial conjunta Dilma Rouseff (PT)-Michel Temer (PMDB), que venceu as eleições de 2014 contra Aécio Neves (PSDB).

 

Segundo a Agência Brasil, o empresário, que está preso em Curitiba, prestou esses depoimentos no processo em que Palocci, também já detido, é réu pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, existindo "extensos trechos sobre sua relação, indirecta ou directa, com Luiz Inácio Lula da Silva, réu em cinco processos, três deles na Lava Jato, e com o PT".


No depoimento, o empresário diz ainda que Dilma Rousseff e a ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, sabiam do esquema de propina em curso na estatal e também fala da próxima relação com seu adversário político, Aécio Neves. Foi para o PSDB, o seu partido, que ele diz ter transferido 50 milhões de reais, que não soube precisar se pela via legal ou não. Como com o PT, o esquema também era intermediado com base no poder de decisão dos políticos sobre sectores e empresas, incluindo as estatais. "No início do Governo Lula, o PSDB, não apenas o Aécio, tinham uma forte influência no sector eléctrico. Furnas [Furnas Centrais Elétricas S.A] continuava sobre controle deles", afirma o empreiteiro, ainda citado pela Agência Brasil.

Paralelamente, o El País Brasil escreve que procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encontrou nos depoimentos de seis dos delatores da Odebrecht motivos suficientes para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investigue o actual presidente, Michel Temer, mas teve de excluir  "por ora" o Presidente da República da lista dos pedidos de inquérito devido à "imunidade temporária que a Constituição confere" ao cargo que ocupa.

C
onhecida por "Fachin" – nome do juiz (Luiz Edson Fachin) do Supremo, relator da Operação Lava Jato –, a lista identifica quase oito dezenas de políticos com direito a "foro privilegiado" que serão alvo de inquéritos. Dela constam nove ministros de Temer, designadamente Eliseu Padilha da Casa Civil, uma espécie de primeiro-ministro. Em apenas nove meses, o presidente que sucedeu a Dilma que perdeu o mandato por crimes contra as contas públicas, já perdeu sete ministros, na maioria dos casos devido a casos de corrupção.

Esta é a segunda lista de inquéritos da Lava Jato a atingir o vértice político brasileiro. A primeira, em Março de 2015, visou 50 políticos, mas apenas cinco foram constituídos arguidos no Supremo.

Todos os suspeitos afirmam que são inocentes e que não cometeram qualquer ilegalidade.

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