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Paula Franco: “Empresas têm de aumentar as margens de lucro”

Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados defende que as empresas têm de se tornar mais sustentáveis no cenário incerto de 2023. IRC devia ter descido, lamenta.

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As empresas "têm de aumentar as margens de lucro. Têm de tornar-se mais sustentáveis, porque se querem aumentar salários, se querem equilibrar e reter talentos, se querem competir com a compra dos bens que são cada vez mais escassos a nível mundial, têm de aumentar as margens, se não não conseguem fazê-lo". O alerta é de Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) em entrevista ao Negócios e à Antena 1 a publicar na edição desta segunda-feira.


A bastonária admite que "também há muita especulação nestes aumentos obviamente, pela indefinição que existe", mas entende que "este ajustamento é necessário" e que inevitavelmente acabará por se refletir sobre os consumidores. 


"Não podemos pedir que exista um aumento de salários se as empresas não tiverem aumento das margens. Tudo aquilo que se está a pedir e exigir às empresas vai-se refletir também no aumento dos preços. Só que este equilíbrio tem de ser feito porque o salário mínimo está a aumentar e o salário médio aproxima-se do salário mínimo e isso não é desejável num país. Ora as empresas têm de refletir isso", explica. 


Até porque, acrescenta Paula Franco, "as empresas portuguesas não são tão lucrativas que possam ir buscar ao seu lucro. Principalmente as micro empresas e as pequenas empresas não têm praticamente margens de lucro e não nos podemos esquecer disso".


Num cenário de escassez de mão de obra, em que é preciso reter talentos, as empresas vão "ter de se reestruturar". E isso pode ser feito "de forma positiva, trazendo uma diminuição de serviços que prestam, mas melhores serviços e com margens melhores", remata, lembrando que a pandemis serviu para se perceber que as empresas "inham poucas margens, poucas almofadas financeiras" e que "isso hoje em dia é uma realidade que se quer alterar". 

Governo devia ter descido mais o IRC

A bastonária é uma "defensora da descida do IRC" e lamenta que o Orçamento do Estado para 2023 não tenha ido mais longe nessa matéria. 


"Há uma medida que vai trazer um alargamento da taxa de IRC dos 17% até aos primeiros 50 mil euros de matéria coletável, que atualmente eram 25 mil euros. Portanto, no fundo, as empresas que tenham até 50 mil euros de lucro tributável vão pagar menos mil euros. Na prática, vai-se refletir em mil euros", explica. Porém, lembra, isso "não tem um grande impacto na receita", até porque "são poucas as empresas portuguesas que pagam impostos". Assim sendo, "poder-se-ia ter mexido [mais na taxa] até para mudar mentalidades, formas de estar, formas de as empresas quererem contribuir mais, em vez de terem desmesuradamente custos — por isso é que também não têm grandes margens — e começarem a aplicar-se mais em terem margens, em terem capitais próprios". 


"E esse dinheiro que iriam poupar no IRC a entregar ao Estado — e é preciso dizer que esta medida só beneficia quem pagar impostos, quem tiver lucros, esperemos que seja o objetivo de todas as empresas — se fosse por essa via moralizava mais o sistema, não afetava a receita e incentivava o investimento em Portugal, as empresas deixavam ter essa pressão do IRC final", remata. 

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