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Carga fiscal foi das que mais subiu na OCDE entre 2010 e 2021
Nos últimos dez anos, a carga fiscal subiu em praticamente todos os países da OCDE, mas essa subida foi mais significativa em Portugal (e outros países). Organização recorda que isso não quer dizer que impostos subiram.
A carga fiscal em Portugal, medida pela OCDE, aumentou de 30% em 2010 para 35% em 2021, uma das maiores subidas da década entre as economias que pertencem à organização.
Segundo um relatório com estatísticas fiscais divulgado nesta quarta-feira, 30 de novembro, pela OCDE, a tendência foi de subida na média dos países da organização. Entre 2010 e 2020, o peso dos impostos no PIB dos 38 países que compõem a OCDE subiu de 31,5% para 34,1%.
Só que essa subida foi maior para uns países do que para outros. As maiores subidas foram registadas na Eslováquia (7,8 pontos percentuais) e na Coreia (7,5 pontos percentuais). Aumentos acima de 5 pontos percentuais foram registados em Espanha, no Japão, na Grécia e em Portugal.
Por outro lado, apenas seis países houve uma redução da carga fiscal nos últimos dez anos. A maior redução, de 27,7% em 2010 para 21,1% em 2021, ocorreu na Irlanda. Mas a OCDE explica que "isso deve-se largamente a aumentos excepcionais do PIB em 2015". Segue-se a Hungria, onde a carga fiscal diminuiu 2,8% em dez anos.
A OCDE lembra que as mudanças no rácio dos impostos no PIB são dirigidas por alterações nas receitas fiscais nominais e no PIB nominal. De um ano para o outro, se as receitas fiscais aumentarem mais do que PIB (ou diminuirem mais do que o PIB), o rácio aumenta. Se as receitas fiscais crescerem menos do que o PIB, ou caírem mais, então o rácio desce.
Assim, "uma carga fiscal maior não significa necessariamente que a quantidade de receita fiscal aumentou em termos nominais, ou mesmo reais", frisa a organização internacional, sediada em Paris.
Impostos especiais sobre o consumo pesam mais em Portugal
No relatório divulgado agora, a OCDE faz também uma análise a longo prazo quanto à evolução dos impostos, com destaque especial para o consumo.
Os impostos gerais sobre o consumo representaram 20,9% da receita fiscal total em 2020, em comparação com apenas 11,9% em meados da década de 1960. Em 2020, a grande maioria foi do IVA (20,2% das receitas fiscais totais).
"A importância crescente do IVA serviu para contrariar a quota decrescente de impostos especiais sobre o consumo", descreve a OCDE.
Entre 1975 e 2020, a proporção de impostos especiais sobre o consumo (principalmente sobre tabaco, bebidas alcoólicas e combustíveis, bem como alguns impostos ambientais) caiu quase metade, de 17,7% para 9,1% das receitas totais.
"Em 2020, os impostos especiais de consumo foram a maior categoria individual de receitas totais neste rubrica, representando 6,9% das receitas totais", afirma a OCDE.
Mas em Portugal o peso destes impostos é também dos maiores da OCDE. "Países como a Grécia, Hungria, Letónia, Lituânia, México, Polónia, Portugal e Eslováquia (entre 11%-15%) e a Turquia (22,4%) ainda arrecadaram uma parcela relativamente grande das suas receitas fiscais através de impostos sobre bens e serviços específicos em 2020", frisa.