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Menos de um quinto das casas em Portugal foram construídas neste século
Dados dos Censos de 2021 revelam um abrandamento no crescimento do parque habitacional na última década face a períodos anteriores. Desde 2011 que aumentaram os alojamentos sobrelotados.
Apenas 18% dos edifícios existentes em 2021, tinham sido construídos neste século e apenas 3% na década entre 2011 e esse ano, revelam os dados do estudo "O Parque Habitacional: Análise e Evolução 2011-2021", realizado em pelo Instituo Nacional de Estatística (INE) em colaboração com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
É um indicador claro do abrandamento registado na construção de casas em Portugal nas últimas duas décadas e do envelhecimento do parque habitacional. "Em 2021, o parque habitacional português totalizava 3.573.416 edifícios, dos quais quase metade (49,8%) foi construída após 1980. A maioria destes edifícios foi construída entre 1981 e 2000 (31,9%), com 17,9% construídos neste século. Apenas 110.784 edifícios foram construídos entre 2011 e 2021, representando 3,1% do total", refere o estudo.
O INE aponta outro critério que é o do envelhecimento do parque habitacional. Trata-se do índice de envelhecimento, que mede o rácio entre o número de edifícios construídos até 1960 e o número de edifícios construídos após 2011. Quanto maior o rácio, mais antigo é o parque habitacional. "A menor dinâmica de construção na última década refletiu-se no índice de envelhecimento dos edifícios que em 2021 se situava em 747", indica o INE e o LNEC.
Em termos de distribuição geográfica, o Alto Alentejo destaca-se com "o parque habitacional mais antigo (2.571), seguido pelo Baixo Alentejo (2.213) e pelo Alentejo Central (2.200). Já as regiões do Cávado (266), Ave (322) e Península de Setúbal (419) apresentaram os índices de envelhecimento mais baixos." A região da Grande Lisboa apresenta um rácio de 921.
Quanto às dimensões das casas, o estudo revela que "a área útil média dos alojamentos familiares clássicos, ocupados como residência habitual, foi, em 2021, de 112,5 m². Pouco mais de metade (51,9%) dos alojamentos familiares clássicos, ocupados como residência habitual, possuía uma área útil entre 60 m² e 119 m²." Em todo o caso, as casas têm vindo a ficar maiores.
Mais de dois terços das casas são residência do proprietário
Esta análise do INE e do LNEC permite também saber quem ocupa as casas em Portugal. "Dos 4.142.581 alojamentos familiares clássicos de residência habitual, 2.900.093 estavam ocupados pelo proprietário (70,0%), os restantes 1.242.488 alojamentos encontravam-se em arrendamento ou noutras situações (30,0%), dos quais 88,8% eram propriedade de particulares ou de empresas privadas e de ascendentes ou descendentes."
Dos casos em que os alojamentos eram ocupados pelos proprietários como residência habitual, sendo que "38,4% (1.112.875) tinham encargos mensais com a sua aquisição. Considerando os escalões de encargos por compra, verificou-se que em 52,8% dos alojamentos as mensalidades se situavam entre os 200 euros e os 399 euros."
"Quanto aos alojamentos familiares clássicos de residência habitual arrendados, analisando os escalões do valor mensal de renda, verificou-se que 61,4% dos alojamentos estavam associados a valores de renda entre os 200 e os 649 euros, sendo o valor médio mensal de renda de 334 euros", refere o estudo.
Dos 2 900 093 alojamentos de residência habitual ocupados pelos proprietários, 38,4% (1 112 875) tinham encargos mensais com a sua aquisição. Considerando os escalões de encargos por compra, verificou-se que em 52,8% dos alojamentos as mensalidades se situavam entre os 200 euros e os 399 euros.
Quanto às carências habitacionais medida pelas casas sobrelotadas, a análise do INE e do LNEC revela um aumento relativo na última década entre 2011 e 2021. "A proporção de alojamentos sobrelotados era de 12,7%. Entre 2011 e 2021 registou-se um aumento de 17,1% de alojamentos sobrelotados." Na década anterior tinha-se verificado uma diminuição de 20,8%.