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Já há duas empresas europeias dispostas a pagar gás russo em rublos
A empresa de gás da Letónia Latvijas Gaze e a alemã Uniper SE estão a ponderar aceitar o regime de pagamento de gás em rublos.
A empresa de gás letã Latvijas Gaze, cujo capital é detido em 34% pela russa Gazprom, e a alemã Uniper SE (que conta com uma participação de 18% da gigante russa) já admitiram que estão a ponderar pagar as matérias-primas russas em rublos.
Para a Latvijas Gaze, que conta com um contrato a longo prazo para a compra de gás russo, a nova forma de pagamento -- anunciada por Vladimir Putin e que entrou em vigor a 1 de abril -- não parece violar as sanções impostas pela União Europeia, de acordo com um comunicado da empresa, citado pela Bloomberg.
"A primeira impressão é que este procedimento [de pagamento da energia russa em rublos], não viola as sanções pelo que tal regime é possível", defendeu a companhia letã, que adiantou que continua a analisar esta proposta "em profundidade".
A Latvijas Gaze tem um contrato a longo prazo de abastecimento com a Gazprom válido até 2030. Segundo os dados apresentados pela Bloomberg, a maioria dos contratos da Gazprom celebrados com empresas europeias são assinados em euros, pelo que a mudança da cláusula de pagamento para rublos poderia exigir uma renegociação contratual que poderia durar meses ou até anos.
Na sexta-feira, seguindo o anúncio de Putin, a gigante russa Gazprom enviou uma nota aos clientes sobre como deve ser pago o gás em rublos, um documento que alimentou a incerteza perante a possibilidade de se registar um desequilíbrio ainda mais nítido entre a oferta e a procura no mercado internacional.
Os compradores europeus vão passar a precisar de duas contas, uma em euros e outra em rublos, sendo o Gazprombank, o braço bancário do grupo Gazprom, responsável pela conversão da moeda única europeia para rublos.
Do lado dos Estados, o Governo alemão ainda não quis tomar uma posição pública sobre esta decisão, estando neste momento a estudar a decisão de Putin. Já para França, o pedido do Kremlin não parece implicar uma rescisão do contrato, de acordo com as declarações da ministra francesa da Ecologia Bárbara Pompili, citadas pela Bloomberg, enquanto a Dinamarca já condenou esta decisão.