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Vírus aprofunda divisão entre o norte rico e o sul pobre da UE

O coronavírus ameaça transformar a linha que divide a Europa entre o norte mais rico e o sul mais pobre num abismo económico, colocando em risco a moeda da região.

16 de Maio de 2020 às 18:41
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Em Roma, algumas igrejas são agora postos de alimentos, caixas para doações surgem nas praças da cidade e o hotel do século XV onde o filósofo Jean-Paul Sartre esteve uma vez hospedado está a doar colchões que ficam empilhados na entrada. Paolo Stella, um barbeiro de 57 anos, diz que prefere queimar o seu salão a reabri-lo nas condições atuais. A hesitação do governo italiano sobre um pacote de estímulo de 55 mil milhões de euros agrava os problemas.

Oitocentos quilómetros a norte, perto da cidade alemã de Estugarda, o empresário Ernst Prost, de 63 anos, recusou a ajuda do governo, apesar da queda de 25% das vendas dos seus óleos de motor de alta qualidade. Em vez de fazer despedimentos, recorreu à liquidez da empresa para pagar um bónus de 1.500 euros a quase mil funcionários com a convicção de que isso ajudará a empresa a sair mais forte da crise.

O diferente destino das duas metades da união monetária reacende o antigo debate sobre se a Itália pode manter a moeda. O euro deveria elevar o nível de vida em geral. Mas o sul teme ser deixado para trás.

 

"É realmente um momento perigoso", disse Jana Puglierin, responsável pelo escritório de Berlim do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

 

Itália, Espanha e até a França, em certo ponto, ainda se recuperavam da crise da dívida soberana quando o coronavírus chegou, com as contas públicas pressionadas por vários resgates bancários e repetidas recessões, além de sistemas de saúde fragilizados por anos de austeridade. O norte dominado pela Alemanha teve mais sucesso em conter infeções e maior poder de fogo orçamental para combater a crise económica.

 

No final de 2021 o PIB alemão estará 1% abaixo do registado antes da pandemia,  de acordo com previsões da Comissão Europeia de 6 de maio. A economia da Itália terá encolhido 3,6%, empurrando a dívida para 154% do PIB - muito além do nível que estava a Grécia quando desencadeou a última crise financeira da zona do euro.

 

"A dinâmica da dívida e a dinâmica das finanças públicas já eram más", disse Nick Kounis, economista do ABN Amro. "Agora parecem terríveis."

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