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Revigrés: Uma empresa global

A empresa ganhou um grande reconhecimento internacional através do patrocínio do FC Porto iniciado em 1983. Em termos industriais, um dos principais marcos foi o início da produção do porcelânico técnico em 1999.

Miguel Frasquilho e Marta Dhanis conduziram a entrevista a Paula Roque, managing partner da Revigrés. NEWS NOW
06 de Dezembro de 2024 às 10:30
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A Revigrés foi constituída em 1977, depois de Adolfo Roque ter aliciado alguns amigos para constituir uma empresa industrial na sua terra natal, Barrô, em Águeda. "Fez-se um estudo de mercado e percebeu-se que havia uma grande procura por revestimentos e pavimentos cerâmicos e a oferta era escassa. Resolveram então avançar com a Revigrés para a produção de revestimento e pavimentos cerâmicos", recorda Paula Roque, "managing partner" da Revigrés, que faz parte da administração da empresa de cerâmica há quase 15 anos.


O pai, Adolfo Roque, liderou a empresa, que começou a produzir em 1981, durante os primeiros 30 anos, e "foi o grande impulsionador da construção da Revigrés, da atividade da empresa e da imagem de marca que tem desde então", sublinha Paula Roque no "Economia Sem Fonteiras", programa do Negócios transmitido no canal Now. No início, as vendas estavam focadas no mercado nacional, mas em 1981, com a instalação de uma segunda linha de produção, Adolfo Roque procurou dar pequenos passos no mercado internacional para conhecer as necessidades dos clientes e testar os seus produtos em mercados como França, Reino Unido, Escandinávia e Canadá.

União Europeia e Porto


Em 1986, Portugal e a Espanha tornam-se membros da Comunidade Económica Europeia, o que aumentou a concorrência no mercado interno com a entrada de empresas espanholas. "Houve a necessidade de avançar mais para os mercados internacionais e a Revigrés passou a ter uma atividade maior da comercialização no mercado internacional, porque a procura no mercado nacional ainda era bastante grande", considera Paula Roque.


A Revigrés foi buscar a sua inspiração à tradição da azulejaria portuguesa, mas adicionou-lhe modernidade, tecnologia e inovação. Por outro lado, conseguiram reconhecimento internacional, com o patrocínio ao Futebol Clube do Porto, que se iniciou em 1983, e que coincidiu com um dos períodos de ouro deste clube tanto nas competições como nas internacionais.
"Foi a primeira empresa portuguesa a patrocinar um clube de futebol da primeira divisão em Portugal. Um marco histórico, independentemente de qualquer pretensão clubística. Os outros grandes clubes também foram contactados, mas não mostraram interesse. Foi relevante também para a acessibilidade internacional da empresa", refere Paula Roque.


Porcelânico técnico


Em 1999 a Revigrés decidiu que, para uma maior expansão nos mercados internacionais, deveria basear a sua oferta no "produto mais nobre da cerâmica, o porcelânico técnico", explica Paula Roque. A empresa avançou com um investimento de 40 milhões de euros na instalação de duas unidades fabris para este produto, que hoje representa a principal tipologia de produtos vendidos pela Revigrés.


"Este produto tem um grau de absorção de água quase zero (menos de 0,05%), com características técnicas ótimas, que pode ser aplicado em áreas públicas e climas frios, onde as amplitudes térmicas são elevadas. Este investimento foi decisivo para o sucesso de Revigrés a partir de 2001, quando lançámos as primeiras coleções", disse Paula Roque.

Houve a necessidade de avançar mais
para os mercados internacionais e a Revigrés passou a ter uma atividade maior da comercialização no mercado internacional, porque a procura no mercado nacional ainda era bastante grande.
Paula Roque
"Managing partner" da Revigrés


Recentemente fizeram um investimento de 15 milhões de euros na aquisição de uma nova linha de produção completa, integrado em duas agendas mobilizadoras do PRR. "É um investimento inovador em Portugal, que nos vai permitir produzir peças de 1,20 m por 2,78 m, da dimensão de uma parede, com espessuras de 6 mm a 20 mm, e com impressão em 3D. Permite uma grande flexibilidade de produção, com maior eficiência energética e com possibilidade de funcionar a hidrogénio", salienta Paula Roque. 

Uma aposta na sustentabilidade Portugal é um pequeno país à escala global, e a Revigrés é uma pequena empresa à escala global, com 40 milhões de euros de faturação e cerca de 350 trabalhadores e está presente em mais de 50 países. Mas isto, por outro lado, tem permitido ser flexível, e, portanto, poder acompanhar com grande assertividade as tendências do setor da cerâmica, desde a sua internacionalização e as especificidades culturais dos países, dos mercados e das regiões onde opera. O setor cerâmico, hoje, enfrenta desafios grandes, como a automação e tecnologias de impressão 3D, que permitem designs personalizados, enquanto a sustentabilidade e eficiência energética são também áreas extremamente importantes em termos de investimento, com foco na redução do CO2.A Revigrés alinha-se com estas tendências, e, nos últimos dois anos, tem investido cerca de 25% da sua faturação na inovação, sustentabilidade e novos processos produtivos, que promovem a economia circular. São exemplos o Revisense, que é uma tecnologia sensitiva em cerâmica, ou a central fotovoltaica inaugurada em 2023, que evita cerca de 1.800 toneladas de CO2 por ano. A Revigrés também está presente nas principais feiras mundiais, como, por exemplo, a Cersaie, em Bolonha, a Coverings, nos Estados Unidos, ou a Equiphotel, em Paris. Isto reforça a sua presença global, mas também a capacidade de acompanhar as tendências do mercado.

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