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Task force da vacinação afasta terceira dose sem "evidência científica"

"Não devemos começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos que ir já para uma terceira dose", reclama o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo. Nas próximas duas semanas chega reforço de mais de meio milhão de vacinas.

Sérgio Lemos
06 de Agosto de 2021 às 12:09
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O coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19 afastou esta sexta-feira, 6 de agosto, a possibilidade da administração de uma terceira dose da vacina em idosos nos lares, enquanto "não houver evidência científica" da sua necessidade.

"Não há evidência científica, neste momento, para dizer que a terceira dose é necessária e, enquanto não houver evidência científica, não devemos começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos de ir já para uma terceira dose", afirmou.

Falando aos jornalistas no final de uma visita ao Centro de Vacinação Covid-19 de Évora, o coordenador da task force, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, apontou a necessidade de se "esperar pela evidência científica" para se tomar uma decisão.

Questionado sobre a hipótese de se realizarem testes à imunidade nos lares, o responsável, recorrendo ao que disse ter ouvido "dos técnicos de saúde", considerou que a medida "pode não ser suficiente" para dar uma ideia da situação.

"A medida de anticorpos pode não ser suficiente para nós percebermos se estamos ou não protegidos contra o vírus, porque nas Células T há memória do vírus e as Células T em presença do vírus criam anticorpos", disse.

Nesse sentido, realçou Gouveia e Melo, se forem medidos os anticorpos a uma pessoa que "não teve contacto com o vírus recentemente", esta "pode ter os anticorpos a zero", mas isso "não significa que não tenha defesa para o vírus".

"Agora, começo a medir os anticorpos na população e, se não houver o vírus, chego à conclusão que ninguém está protegido e, depois, se calhar, vou ter que vacinar outra vez, sem motivo nenhum", advertiu.

O coordenador da 'task force' para a vacinação aludiu a "estudos" sobre as Células T que "indicam, exatamente, o contrário", nomeadamente que a imunidade "fica adquirida por um longo período, se não para a vida toda". "Portanto, temos de esperar para que esses estudos se desenvolvam", acrescentou.

Sobre os surtos ativos de infeção pelo SARS-CoV-2 em lares de idosos, o responsável lembrou que "a vacina não é 100% eficaz", pelo que "os surtos aparecem", mas vincou que "a consequência é complemente diferente do que era há três meses atrás".

"As pessoas que morrem com a vacinação concluída são uma percentagem ínfima e, se formos ver, apesar de estarem infetadas, não estão a morrer da infeção", mas sim "de outras complicações", devido à idade e situação de saúde.

Segundo o vice-almirante Gouveia e Melo, a proteção que a vacina oferece "é gigantesca e isso é evidente", uma vez que agora "estão a morrer 30 a 40 vezes menos" pessoas do que em janeiro deste ano.

"É o vírus que deixou de ser agressivo? Não, o vírus até é mais agressivo e propaga-se muito mais rapidamente. É fruto da vacinação", acentuou, apelando aos portugueses para que "tenham confiança" nas vacinas.

As autoridades de saúde contabilizavam, na quinta-feira, 53 surtos ativos de infeção pelo SARS-CoV-2 em lares de idosos, de acordo com números disponibilizados, nesse dia, à Lusa pela Direção-Geral da Saúde.

Também em declarações à Lusa, na quinta-feira, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, sugeriu que se deveria pensar em "testes à imunidade" nos lares e que uma terceira dose das vacinas poderia ser uma das hipóteses estudadas pelas autoridades, como França decidiu fazer, com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, a anunciar uma campanha de terceiras doses dirigidas aos "mais frágeis e mais velhos".

Reforço de vacinas na próxima semana

 

Portugal vai receber um reforço de mais de meio milhão de vacinas contra a covid-19, nas próximas duas semanas, num "esforço" para dar "a última pancada" ao vírus, afirmou ainda o coordenador da task force da vacinação. "Vamos receber um reforço, além do que é planeado, de 286 mil [vacinas], já na segunda-feira, depois, na outra segunda-feira, outro de 300 mil e, depois, ainda mais um reforço", o qual não precisou as quantidades, indicou.

 

O coordenador da task force, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que falava aos jornalistas no final de uma visita ao Centro de Vacinação Covid-19 de Évora, adiantou que "já chegaram" vacinas da Janssen e da Pfizer, o que permitiu novamente "acelerar o processo". "Está-se ainda a negociar também o reforço [de vacinas] da Moderna", assinalou, sublinhando que este "esforço" visa "dar uma última pancada" ao vírus SARS-CoV-2 que provoca a doença da covid-19.

 

Realçando que o país está "perto de atingir" 70% da população vacinada, Gouveia e Melo considerou que esse número "já não é um objetivo" e estabeleceu que a meta agora é ter, até setembro, "toda a população elegível" para a vacina "com a primeira dose".

 

Nesse sentido, adiantou, o país vai voltar a "ter uma média superior a 100 mil" doses de vacina administradas por dia, já na próxima semana. "Queremos vacinar 800 mil pessoas, das quais mais de meio milhão, são primeiras doses e, nestas semanas que vêm, queremos dar uma elevada quantidade de primeiras doses para depois ficarem as segundas doses para setembro", frisou.

Questionado sobre pessoas faltarem aos agendamentos nos centros de vacinação, devido a férias, o coordenador da task force disse já ter notado que "em alguns centros" de vacinação há pessoas com agendamento "que não aparecem". "Mas, depois, quando vamos estudar" o caso, observa-se que "houve erros de agendamento, porque nós pusemos essas pessoas agendadas mas não houve a confirmação da pessoa se queria ou não" a vacina, salientou. "Nem tudo se pode atribuir às pessoas", acrescentou.


(Notícia atualizada às 13:30 com informação sobre o reforço das vacinas)
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