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Resistência de latão na família Faria

O Negócios descobriu algumas das primeiras empresas que foram criadas a seguir à Revolução e que hoje, após 50 anos de produção em liberdade, ainda resistem. Não foram engolidas por outros. Não se deixaram levar pelas crises que atravessaram. E mantiveram-se pequenas e familiares, envolvendo segundas ou terceiras gerações — os Herdeiros de Abril. Nesta primeira de três reportagens, visitamos a fábrica da Lustrarte, na Marinha Grande.
Vítor Rodrigues Oliveira e Bruno Colaço - Fotografia 23 de Abril de 2024 às 15:18

Tudo se precipitou em 1998 quando, sem que nada o fizesse esperar, o pai de Ana e Luís Faria morreu. A Lustrarte, empresa de candeeiros da Marinha Grande, que se especializou em peças decorativas de latão, foi então empurrada para uma espiral de vertigem que combinou uma grave crise, um vazio de liderança e uma família em tumulto. "Vai entrar numa viagem…", prepara-nos o gerente Francisco Silva, quando questionado sobre o percurso da empresa. "E depois vamos ver onde é que a viagem vai dar".

 

"O súbito e trágico falecimento do senhor Faria criou um período de quatro ou cinco anos que mudou o curso da história da Lustrarte", adianta Francisco, genro do fundador, que entrou na empresa no início da década de 90 e que conhece como ninguém o caminho das pedras até aqui trilhado.

Já sem costas quentes

Ainda não tinham tomado posse o Presidente Spínola e o I Governo Provisório. Marcello Caetano e Américo Thomaz ainda não tinham zarpado para o Brasil. Nem tão pouco tinha sido fixado o primeiro salário mínimo no país, de 3.300 escudos (629 euros aos dias de hoje). Estava ainda fresca a Revolução quando José Leonel de Jesus Faria avançou para a constituição de uma empresa de candeeiros, nos primeiros dias de maio de 1974.

 

Para trás ficou a curta experiência na Alemanha, que não correu como esperado, e o trabalho numa empresa de candeeiros da região, nos anos que antecederam a mudança de regime.

 

José Leonel Faria acabaria por montar a sua oficina em casa dos sogros e, à medida que a empresa cresceu, foi mudando de instalações. Até que, no início da década de 90, assenta arraiais na Marinha Grande, nos pavilhões onde ainda hoje a Lustrarte produz.

 

É nessa altura que Francisco Silva se junta à empresa. "Eu entrei para ficar responsável pela área financeira, permitindo que o pai da Ana e do Luís se libertasse para a área da produção e que a mãe deles se libertasse para a área comercial". Foi feita a reestruturação financeira da empresa, conseguiram contratar financiamento a médio e longo prazo e, "entre 1990 e 1998, praticamente triplicou de dimensão".

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