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"Não existe um problema de ausência de procura no privado"

Para Rodrigo Queiroz e Melo, presidente da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, o maior problema com que se debate o ensino privado é o sufoco financeiro que afecta as famílias da classe média, e que condiciona a manutenção dos filhos no ensino privado.

09 de Setembro de 2010 às 00:01
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Pode-se falar numa fuga de alunos do ensino privado para o público?
Não há fuga do ensino privado para o público. O que admito que exista são problemas de rede em Lisboa, isto é, há mais pedidos de inscrições de meninos do que turmas disponíveis para os receber. Neste momento, o que nos preocupa são as famílias que querem e não podem e a expansão do privado era uma melhoria a educação. O director de turma é uma figura inventada no ensino privado. A avaliação dos professores começou no ensino privado. Há muitas evidências de que um sector privado significativo no sistema de ensino cria qualidade no próprio sistema.

Ainda há muita procura, portanto.
Existem maiores dificuldades e um fenómeno de diminuição das listas de espera. Mas não existe um problema de ausência de procura no privado. Exemplo disso é a abertura de uma nova escola básica e secundaria privada, no Parque das Nações, com 700 alunos matriculados. O que nos preocupa é o grande sufoco financeiro das famílias da classe média para manterem os filhos no sector privado.

A crise afasta as classes mais baixas do sector privado?
Entendemos que temos uma oferta formativa, no ensino privado, para todas as classes sociais. De facto, em resultado da crise, as classes que começam a demonstrar menos procura são a média e média-baixa, devido a situações complicadas de desemprego, pessoas da área de vendas que não recebem comissões... Há um extracto da população que está a sofrer mais. Aqueles que já têm filhos no privado têm que interromper o percurso académico dos filhos. O tipo social que frequenta o ensino privado mudou um pedaço. Vemos isso na hora da inscrição.

Há algum tipo de apoio social neste sector?
Sim. O apoio que o Estado dá às famílias para terem os filhos no privado é muito significativo, cobrindo por vezes quase 40% da mensalidade. O reforço deste apoio permitiria que houvesse mais meninos no ensino privado. O mecanismo em causa, cheque escolar, não resolve tudo, mas ajuda. Neste momento, em virtude do PEC, não se estão a celebrar novos contratos. O que posso dizer é que cada aluno destes que vai para o Estado vai custar, pelo menos, três vezes mais.

Consegue adiantar quantos alunos beneficiam deste apoio?
A maioria não beneficia. Do pré-escolar ao secundário, o número de alunos com este cheque escolar andava à volta de trinta e tal mil, de um total de 441 mil [dados de 2008-2009].


Que escolas privadas é que sentem mais a crise?
Fora dos grandes centros urbanos há instituições privadas com dificuldades. É uma situação negativa, não só para os alunos como também para manter os professores. Nos grandes centros urbanos também há problemas, mas são pontuais. Regra geral encontra-se solução.

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