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Parlamento britânico quer Grupo Wagner na lista de organizações terroristas

Uma comissão parlamentar britânica defende que as sanções não são suficientes e que o Reino Unido "precisa de proscrever o grupo Wagner por aquilo que ele é: uma organização terrorista".

UK Parliament/Jessica Taylor/Handout via Reuters
26 de Julho de 2023 às 14:26
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Uma comissão parlamentar britânica acusou esta quarta-feira o Governo do Reino Unido de ter "desvalorizado e subestimado" o grupo paramilitar russo Wagner ao longo dos anos e recomendou que o inclua na lista de organizações terroristas.

"Durante quase dez anos, o Governo minimizou e subestimou as atividades da rede Wagner, bem como as implicações de segurança para a Europa e a sua significativa expansão para África", concluiu a comissão num relatório divulgado hoje.

Intitulado "Weapons for Gold: The Wagner Network Defused" ("Armas por Ouro: Rede Wagner Desativada", numa tradução livre), o relatório de 82 páginas foi elaborado pela Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento.

O Grupo Wagner foi fundado pelo empresário russo Yevgeny Prigozhin em 2014, e teve um papel preponderante na guerra da Rússia contra a Ucrânia até junho, quando se revoltou contra as chefias militares em Moscovo.

No relatório, a comissão exortou o Governo a agir de forma mais rápida e severa contra os atores com ligações ao Grupo Wagner, através de novas sanções, e a incluir urgentemente o grupo mercenário na lista de organizações terroristas.

"As sanções não são suficientes. O Reino Unido precisa de proscrever o grupo Wagner por aquilo que ele é: uma organização terrorista", defendeu a presidente da comissão, Alicia Kearns, citada pela televisão britânica BBC.

A comissão considerou que o Governo tem agido de uma forma "notavelmente complacente" face às ações do Grupo Wagner e à prática crescente de muitos Estados optarem por contratar serviços de empresas militares privadas.

Para evitar a expansão de grupos deste tipo, apelou ao Governo para que ofereça alternativas de segurança e ajuda aos países que são obrigados a recorrer a estes serviços para fazer face a conflitos.

Além da Ucrânia, a comissão identificou a Síria, a Líbia, o Sudão, Moçambique, a República Centro-Africana e o Mali como países onde a atividade militar do Grupo Wagner foi detetada durante a última década.

Os membros da comissão concluíram que o grupo russo desenvolveu um modelo de negócio muito bem-sucedido e lucrativo nestes países, enriquecendo-se a si próprio e aos governantes seus clientes, na maioria das vezes à custa da população local.

"É profundamente lamentável que tenha demorado tanto tempo e que o Governo continue a dar tão pouca atenção a outros países para além da Ucrânia", criticou a comissão no relatório, citado pela agência espanhola Europa Press.

"O facto de o Governo não estar a lidar com o Wagner leva-nos a concluir que existe uma total falta de conhecimento e de política em relação a outros grupos militares privados", afirmou.

Este tema, segundo a BBC, tornou-se ainda mais relevante esta semana, uma vez que milhares de combatentes do Grupo Wagner se instalaram na Bielorrússia e anunciaram retoricamente o desejo de fazer uma incursão transfronteiriça na Polónia, um Estado da NATO.

Os membros da comissão utilizaram provas fornecidas por um dirigente bem colocado do Grupo Wagner que desertou, acrescentou a TV britânica.
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