O ministro da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce, anunciou hoje a sua demissão do cargo, na sequência de notícias de que teria favorecido a entrada ilegal da filha do ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. O primeiro ministro aceitou.

«Entendi entregar o pedido de demissão ao primeiro ministro para não prejudicar o processo (de reformas) anunciadas para o Ensino Superior», afirmou Lynce em conferência de imprensa.

O ex-ministro, que se debatia com a contestação dos estudantes de todo o país contra o novo regime de propinas, afirmou não ter favorecido ninguém no exercício das suas funções e de ter seguido os procedimentos normais.

Segundo havia avançado a SIC, o ministro teria aberto uma excepção a um regime excepcional na lei que prevê que os familiares de membros do corpo diplomático podem entrar na universidade, desde que tenham completado o secundário fora do país.

Na altura da entrada da filha de Martins da Cruz, já a família do ministro se encontrava em Portugal, com o ministro a ocupar o actual cargo, tendo a sua filha terminado o 12º ano em Portugal.

«Quanto à questão do alegado favorecimento, não tive qualquer pedido, qualquer pressão ou solicitação do MNE ou outra entidade» para beneficiar «seja quem for», afirmou ainda Lynce, considerando que apenas seguiu os procedimentos «normais» para situações deste tipo.

Por acreditar na integridade da sua decisão, Pedro Lynce afirmou que «voltaria a fazer o mesmo», «sob as mesmas circunstâncias».