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Maiores ligas europeias de futebol à beira do colapso financeiro

O futebol vive acima das suas possibilidades. Até aqui, nem nada de novo, nem nada de ímpar. Os passivos astronómicos que preenchem o lado direito dos balanços dos clubes, portugueses e não só, são apenas um sintoma de uma patologia que afecta todo o mundo (do futebol). De clubes a federações. De ligas a instituições de topo no futebol.

Maiores ligas europeias de futebol à beira do colapso financeiro
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O mais recente “apontar de dedo” veio da consultora AT Kearney, que elaborou um relatório onde assegura que as maiores ligas europeias (Espanha, Itália e Inglaterra) não são economicamente sustentáveis e, pior, estão à beira da bancarrota.

No referido relatório, a que o diário económico espanhol “Cinco Dias” teve acesso, a consultora avisa: “As ligas não podem continuar sem mudanças radicais. Para serem rentáveis, os salários dos jogadores têm de descer.”

As transferências de jogadores são, de resto, apontadas como a principal causa para os maus resultados económicos. O balanço negativo das transferências de jogadores nas maiores ligas europeias chegou ao impressionante montante de 566 milhões de euros, na época 2009-2010. A liga espanhola, neste capítulo, é a líder do desperdício, ao apresentar um saldo negativo de 257 milhões de euros, impulsionados pelas carteiras de Florentino Pérez, primeiro, e de Joan Laporta, depois, entretanto “deposto” por Sandro Rosell, novo presidente do clube catalão.

Nos últimos três anos, o investimento líquido em jogadores na liga espanhola rondou os 600 milhões de euros, ficando, ainda assim, abaixo dos 1000 milhões da liga inglesa.

Estes dados levam a consultora AT Kearney a considerar que o futebol europeu “precisa de agir sob uma só identidade, em vez de agir sob a forma de clubes ou ligas individuais”. O relatório vai mais longe, apontando mesmo medidas concretas como a adopção de modelos mais próximos dos aplicados nas ligas dos EUA, onde existe uma regulação no mercado das transferências de jogadores e tectos salariais que amenizam as perdas. A continuar assim, se as ligas italiana, espanhola e inglesa fossem empresas, “em menos de dois anos estariam em quebra”, chegando a dizer que não é “descabido” pensar que alguns clubes possam desaparecer a médio-prazo.

O diário “Cinco Dias”, compreensivelmente, dá especial enfoque ao futebol espanhol e consultou o professor de economia da Universidade de Barcelona, José Maria Gay de Liébana, segundo o qual, as equipas espanholas encerraram a temporada de 2008-2009 com dívidas de 3,526 milhões de euros.

“O futebol espanhol é vítima dos seus próprios defeitos. Gasta acima das suas possibilidades, tendo repetidamente ganhos abaixo do esperado, dívidas galopantes que ferem a sua estrutura financeira e fundos próprios débeis que motivam endividamentos exagerados”, defende o professor, em declarações ao “Cinco Dias”.

A primeira semana deste mês em Camp Nou (casa do FC Barcelona) foi, de resto, paradigmática no que à gestão dos clubes diz respeito. No dia 1 o clube anunciava ter tido a maior receita anual da história do desporto. Qualquer coisa como 445,5 milhões de euros. Menos de uma semana depois, a 6 de Julho, Sandro Rosell revelava estar a negociar um empréstimo de 150 milhões de euros com a banca, para assegurar a liquidez económica do clube.

O relatório da consultora AT Kearney aponta mesmo o Real Madrid e o FC Barcelona como os clubes que mais investem em estrelas internacionais, defendendo igualmente que “como a eleição dos presidentes destes clubes é feita pelos sócios, iniciativas como fazer grandes contratações são muito mais populares que o aumento dos preços dos bilhetes ou angariação de melhores patrocínios”.

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