Notícia
Félix Ribeiro: Alemanha está “numa situação dramática”
Socorrendo-se de metáforas, o economista Félix Ribeiro explicou o problema do Euro. As economias deficitárias não cresceram. “Tornaram-se obesas”. E a Alemanha está numa difícil posição.
O economista Félix Ribeiro considera que “a Alemanha está numa situação dramática”. Se por um lado, “não quer deixar cair o Euro”, por outro, “não tem condições para fazer o que os amarelos [países deficitários do sul da Europa] querem”.
Em 2008, frisou o economista, percebeu-se que a "moeda única não era um avião, mas sim um planador. Faltava-lhe uma série de coisas para que pudesse viver na globalização", referiu Félix Ribeiro, acrescentando que nessa altura os mercados perceberam que não tinham comprado um avião e começaram a "pedir o dinheiro dos bilhetes ou mandaram aterrar e estão a pedir indemnização".
E porquê? Porque os países do Sul da Europa - Portugal, Espanha, Grécia, Itália e também Chipre - tornaram-se uma "ameaça à sobrevivência do Euro". Estes países "não cresceram, tornaram-se obesas".
E a Alemanha ficou numa situação complicada pois não quer acabar com a união monetária mas também não tem condições para dar o auxílio que estes países pretendem, pois não pode ter défice corrente uma vez que é a maior das pequenas economias abertas. Mas a Alemanha não tem apenas este problema. Terá outro no futuro, antecipa Félix Ribeiro.
“No dia em que os Estados Unidos se entenderem com a Rússia a Alemanha passou definitivamente à terceira idade”, prevê o economista, que falou esta manhã para os seus pares, no 5º Congresso Nacional da Ordem dos Economistas dedicado ao tema “Reinventar Portugal na Nova Economia Global”.
E esta conclusão foi precedida de uma explicação: a administração Obama tem percepção que a China é um “adversário a médio longo prazo” e arranjou parceria no Pacífico, excluindo a China, e uma parceria Transatlântica com a União Europeia. “No extremo das duas parcerias estão Japão e Alemanha que abandonaram a energia nuclear. Problema? Isto funciona muito bem para o Japão e Ásia mas muito mal para a Europa. Nós passámos a ser importadores de gás natural e temos 100 anos de reserva”, lembrou.