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Crescimento do PIB mundial vai ultrapassar comércio global pela 1.ª vez em 25 anos

A Boston Consulting Group aponta como fatores os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia.

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Mariline Alves
09 de Fevereiro de 2023 às 15:54
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O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial irá ultrapassar o do comércio global pela primeira vez em 25 anos, devido aos impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia, disse esta quinta-feira a Boston Consulting Group (BCG).

Num comunicado, a consultora deu conta das conclusões do relatório "Protectionism, Pandemic, War, and the Future of Trade", explicando que "o conflito na Ucrânia veio substituir a pandemia como o principal desafio que o comércio global enfrenta".

Assim, "pela primeira vez em 25 anos, o comércio mundial irá apresentar um crescimento mais lento do que o do Produto Interno Bruto (PIB), no decorrer da próxima década. Adicionalmente, os padrões de comércio atuais irão sofrer uma grande mudança".

O relatório prevê assim que "o comércio global irá crescer a uma taxa de apenas 2,3% ao ano até 2031, abaixo dos 2,5% projetados para o crescimento da economia global", o que "compara com cerca de 1,5 p.p. [pontos percentuais] de crescimento do comércio por ponto percentual do crescimento do PIB no período 1995-2008, e com uma relação de um para um no período 2009-2019", lê-se na mesma nota.

Segundo a consultora, "embora o conflito na Ucrânia seja uma força primordial na mudança dos padrões comerciais, também outros fatores, tais como a diminuição da dependência das nações ocidentais no comércio com a China e a ascensão de blocos económicos, como a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), estão a transformar o comércio global".

A BCG destacou que o conflito na Ucrânia "provocou uma alteração nas relações comerciais entre a União Europeia e a Rússia", sendo que "como resultado, nos próximos nove anos, a UE irá aumentar o seu comércio com os EUA em 338 mil milhões de dólares, impulsionado em grande parte pelo aumento das importações de energia, e irá também expandir as suas parcerias comerciais com os países da ASEAN, África, Médio Oriente e Índia".

Paralelamente, "o comércio entre os EUA e a China irá diminuir em 63 mil milhões de dólares até 2031", segundo a consultora, que apontou que "o crescimento do comércio entre a UE e a China está também a abrandar, prevendo-se que o comércio nos dois sentidos cresça apenas 72 mil milhões de dólares, um aumento modesto em comparação com os anos anteriores".

"Contrariamente, o comércio da Rússia com a China irá crescer em 90 mil milhões de dólares, e com a Índia em 20 mil milhões de dólares", destacou. Para a BCG, o sudeste asiático será "o principal beneficiário destas mudanças do mapa comercial".
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