Notícia
Chanceler alemão vai a Kiev e Moscovo tentar "garantir a paz na Europa"
Fontes do Governo alemão admitiram que Scholz poderá anunciar em Kiev novos apoios financeiros, bem como a entrega de equipamento militar não letal.
13 de Fevereiro de 2022 às 18:22
O chanceler alemão, Olaf Scholz, vai tentar esta semana, em Kiev e Moscovo, ajudar a desanuviar a tensão na Ucrânia, após intensas conversações nos últimos dias suscitadas por alertas sobre a iminência de um ataque russo.
Scholz, que assumiu a chefia do Governo há apenas dois meses, vai encontrar-se com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na segunda-feira, seguindo depois para Moscovo, onde será recebido pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, no dia seguinte.
Na véspera da partida, o chanceler de 63 anos disse que a sua intenção na duas capitais é "agarrar a oportunidade de falar". "Em ambos os casos, trata-se de ver como podemos garantir a paz na Europa", disse.
A viagem já estava programada no âmbito dos esforços dos líderes ocidentais para tentar resolver a crise, mas ganhou maior significado com a dramatização ocorrida desde sexta-feira.
Os Estados Unidos da América (EUA) disseram ter informações de que a Rússia tenciona invadir a Ucrânia "a qualquer momento", um alerta qualificado como histeria pelas autoridades russas.
Os ucranianos pediram ao Ocidente que evite criar o pânico no país, mas dezenas de governos, incluindo o de Portugal, aconselharam os seus cidadãos a saírem da Ucrânia.
Várias rondas de conversações nos últimos dias não desbloquearam a crise, incluindo conversas telefónicas separadas, no sábado, dos presidentes francês, Emmanuel Macron, e norte-americano, Joe Biden, com Vladimir Putin.
Scholz, o social-democrata do SPD que sucedeu à conservadora Angela Merkel, de quem foi vice-chanceler, tem repetidamente afirmado que um ataque russo terá "consequências muito elevadas" para Moscovo.
Mas a recusa do seu Governo em fornecer armas letais à Ucrânia ou em especificar quais as sanções que apoiará contra a Rússia tem suscitado críticas no estrangeiro e no país, e levantado questões sobre a determinação de Berlim em fazer frente a Moscovo.
A posição relutante da Alemanha está parcialmente enraizada na sua história, sobretudo desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), provocada pelo regime alemão nazi, que levou o país a encarar qualquer resposta militar como um último recurso.
Outro fator histórico é a "Ostpolitik", ou Política do Leste, adotada pelo antigo chanceler do SPD Willy Brandt na década de 1970, para dialogar com a então União Soviética, que também tem sido apontada como uma condicionante na relação com Moscovo.
O antigo chanceler social-democrata Gerhard Schroeder (1998-2005) é visto como outro problema para Scholz, devido à sua amizade estreita com Putin e ao seu envolvimento no gasoduto Nord Stream 2.
Schroeder assinou o primeiro gasoduto entre a Rússia e a Alemanha nas suas últimas semanas de mandato, e dirige atualmente o comité de acionistas da empresa responsável pelo projeto.
O antigo chanceler é presidente do conselho de administração da gigante petrolífera russa Rosneft e a também estatal Gazprom, proprietária do Nord Stream do lado russo, anunciou este mês a sua nomeação como administrador.
"Schroeder é um fardo para a política externa alemã e para o seu antigo partido", escreveu recentemente a revista alemã Der Spiegel.
Depois de muito instigado pelos Estados Unidos e outros aliados, Scholz endureceu recentemente a sua posição sobre possíveis sanções à Rússia, incluindo a suspensão do gasoduto.
No que foi visto igualmente como um endurecimento da posição alemã, o também social-democrata Frank-Walter Steinmeier apontou este domingo o dedo a Moscovo no primeiro discurso após ter sido reeleito Presidente da Alemanha.
"Estamos no meio de um risco de conflito militar, de uma guerra na Europa de Leste e é a Rússia que tem essa responsabilidade", disse Steinmeier, que chefiou a diplomacia alemã duas vezes com Merkel e foi chefe de gabinete de Schroeder.
E numa mensagem direta para Putin, Steinmeier foi claro: "Não subestime a força da democracia".
Scholz também reiterou que a Ucrânia pode continuar a contar com o apoio da Alemanha e disse que Berlim tem fornecido a Kiev "o maior apoio financeiro" a nível bilateral.
Fontes do Governo alemão admitiram que Scholz poderá anunciar em Kiev novos apoios financeiros, bem como a entrega de equipamento militar não letal.
Scholz, que assumiu a chefia do Governo há apenas dois meses, vai encontrar-se com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na segunda-feira, seguindo depois para Moscovo, onde será recebido pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, no dia seguinte.
A viagem já estava programada no âmbito dos esforços dos líderes ocidentais para tentar resolver a crise, mas ganhou maior significado com a dramatização ocorrida desde sexta-feira.
Os Estados Unidos da América (EUA) disseram ter informações de que a Rússia tenciona invadir a Ucrânia "a qualquer momento", um alerta qualificado como histeria pelas autoridades russas.
Os ucranianos pediram ao Ocidente que evite criar o pânico no país, mas dezenas de governos, incluindo o de Portugal, aconselharam os seus cidadãos a saírem da Ucrânia.
Várias rondas de conversações nos últimos dias não desbloquearam a crise, incluindo conversas telefónicas separadas, no sábado, dos presidentes francês, Emmanuel Macron, e norte-americano, Joe Biden, com Vladimir Putin.
Scholz, o social-democrata do SPD que sucedeu à conservadora Angela Merkel, de quem foi vice-chanceler, tem repetidamente afirmado que um ataque russo terá "consequências muito elevadas" para Moscovo.
Mas a recusa do seu Governo em fornecer armas letais à Ucrânia ou em especificar quais as sanções que apoiará contra a Rússia tem suscitado críticas no estrangeiro e no país, e levantado questões sobre a determinação de Berlim em fazer frente a Moscovo.
A posição relutante da Alemanha está parcialmente enraizada na sua história, sobretudo desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), provocada pelo regime alemão nazi, que levou o país a encarar qualquer resposta militar como um último recurso.
Outro fator histórico é a "Ostpolitik", ou Política do Leste, adotada pelo antigo chanceler do SPD Willy Brandt na década de 1970, para dialogar com a então União Soviética, que também tem sido apontada como uma condicionante na relação com Moscovo.
O antigo chanceler social-democrata Gerhard Schroeder (1998-2005) é visto como outro problema para Scholz, devido à sua amizade estreita com Putin e ao seu envolvimento no gasoduto Nord Stream 2.
Schroeder assinou o primeiro gasoduto entre a Rússia e a Alemanha nas suas últimas semanas de mandato, e dirige atualmente o comité de acionistas da empresa responsável pelo projeto.
O antigo chanceler é presidente do conselho de administração da gigante petrolífera russa Rosneft e a também estatal Gazprom, proprietária do Nord Stream do lado russo, anunciou este mês a sua nomeação como administrador.
"Schroeder é um fardo para a política externa alemã e para o seu antigo partido", escreveu recentemente a revista alemã Der Spiegel.
Depois de muito instigado pelos Estados Unidos e outros aliados, Scholz endureceu recentemente a sua posição sobre possíveis sanções à Rússia, incluindo a suspensão do gasoduto.
No que foi visto igualmente como um endurecimento da posição alemã, o também social-democrata Frank-Walter Steinmeier apontou este domingo o dedo a Moscovo no primeiro discurso após ter sido reeleito Presidente da Alemanha.
"Estamos no meio de um risco de conflito militar, de uma guerra na Europa de Leste e é a Rússia que tem essa responsabilidade", disse Steinmeier, que chefiou a diplomacia alemã duas vezes com Merkel e foi chefe de gabinete de Schroeder.
E numa mensagem direta para Putin, Steinmeier foi claro: "Não subestime a força da democracia".
Scholz também reiterou que a Ucrânia pode continuar a contar com o apoio da Alemanha e disse que Berlim tem fornecido a Kiev "o maior apoio financeiro" a nível bilateral.
Fontes do Governo alemão admitiram que Scholz poderá anunciar em Kiev novos apoios financeiros, bem como a entrega de equipamento militar não letal.