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Bruegel: Segundo empréstimo a Portugal terá exigências mais brandas

Nicolas Véron, economista e co-fundador do instituto Bruegel, considera que Portugal vai ter de receber um segundo empréstimo, sem perdão de dívida, e que as exigências que lhe estarão associadas serão "completamente diferentes" das aplicadas à Grécia.

09 de Maio de 2012 às 10:34
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“Devemos estar seguramente preocupados com a austeridade e com as perspectivas de crescimento”, mas “Portugal é um caso muito diferente do da Grécia” e beneficia ainda da circunstância de os decisores políticos europeus quererem mostrar que “a Grécia é um caso único no que respeita à renegociação da dívida”.

A opinião é de Nicolas Véron, economista francês e co-fundador do instituto Bruegel, sedeado em Bruxelas, segundo o qual Portugal vai continuar ser ajudado por mais alguns anos, mas sem exigências draconianas. Porquê? Porque está a esforçar-se para estabilizar finanças públicas e relançar a economia, mas também porque a Europa não quer uma segunda Grécia.

Em declarações ao site do Peterson Institute for International Economics, de Washington, que consulta regularmente economistas e investigadores para tomar o pulso à actualidade económica, Véron converge na expectativa, já amplamente enraizada, de que o actual empréstimo, de 78 mil milhões de euros, terá de ser estendido para além de 2014, na medida em que “será muito difícil” Portugal começar a financiar-se por si só a partir de Setembro de 2013, data prevista para o regresso do país aos mercados financeiros.

“Mas as condições que serão associadas a esse segundo programa de assistência serão completamente diferentes das pedidas à Grécia”, antecipa. Porque, ao invés de Atenas, Lisboa, tem feito progressos em linha com o acordado com os credores internacionais (União Europeia e FMI) e porque a Europa não quer uma segunda Grécia, o que afasta desde logo a possibilidade deste segundo empréstimo a Portugal ser acompanhado da exigência de perdão de parte da dívida detida por privados, processo que acabou por se revelar “muito mais perturbador do que o inicialmente previsto” no caso grego.

No caso de Portugal, prevê, os líderes europeus vão poder dizer que “é um bom aluno” e que “sendo a situação difícil, o país está a fazer tudo o que tem de fazer, pelo que não vamos insistir no tipo de medidas duras, quase punitivas, que adoptámos para a Grécia”.

Quem olha para Portugal como o próximo elo fraco não chega a errar, diz, na medida em que é o país sob intervenção que está mais fragilizado. Mas “muitos falam do alto, sem verificar concretamente o que está a acontecer”. “Quanto mais de perto olhamos, mais nos apercebemos de que estamos perante um bom conjunto de argumentos para que os líderes europeus tratem Portugal de forma completamente diferente”, argumenta.
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