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2018 será o ano da grande inversão da política monetária?

O próximo ano deverá confirmar a estratégia já iniciada em 2017 de inversão das políticas de estímulo nas principais economias avançadas. Fed e Reino Unido deverão subir juros; BCE e Banco de Japão, não.

Jasper Juinen/Bloomberg
28 de Dezembro de 2017 às 23:10
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Ao mesmo tempo que se espera que 2018 confirme a inversão das políticas de estímulo monetário na cena internacional, ninguém antecipa alterações abruptas no rumo que os banqueiros centrais já começaram a traçar em 2017 – e que para a Zona Euro inclui uma redução das compras de activos, mas exclui qualquer subida de juros. Vamos por regiões.

A Reserva Federal (Fed), que subiu três vezes juros em 2017 com Janet Yellen, colocando-os num intervalo entre 1,25% a 1,5% no final do ano, poderá subi-los outras três vezes em 2018 já com Jerome Powell ao volante, apontam vários analistas. Este é um reflexo da expectativa de crescimento acima de 2% em 2018, de uma taxa de desemprego inferior a 5% e de uma taxa de inflação que, no final deste ano, atingiu os 2,2%.

No Reino Unido também são esperadas subidas de juros. Depois de em Novembro ter elevado o custo do dinheiro pela primeira vez em dez anos (de 0,25% para 0,5%), Mark Carney  deverá voltar a subi-lo em 2018: é que a inflação – reflectindo em parte a desvalorização da libra na sequência do Brexit – escalou para 3,1% no final do ano, distanciando-se significativamente da meta de 2% partilhada internacionalmente pelos bancos centrais das economias avançadas. Com uma taxa de desemprego também abaixo de 5% e a perspectiva de crescimento lento, mas sem sobressaltos pós-Brexit, o Banco de Inglaterra (BdI) deverá ser chamado a novas medidas para travar a subida de preços.

Ao contrário da Fed e do BdI, o Banco do Japão (BdJ) e o BCE não deverão subir de juros. Tanto numa região como na outra a inflação permanece demasiado distante dos 2% para que tal aconteça: em Novembro ficou nos 0,6% no Japão e em 1,5% na média do euro. A grande diferença entre os dois blocos é que na Europa é já certa a redução do ritmo de compra de activos em Janeiro (de 60 mil milhões de euros para 30 mil milhões de euros mensais) e perspectiva-se o fim dessas compra em Setembro. Esse foi um caminho que o BCE começou a traçar em Outubro, e que parece ainda mais provável à medida que a economia dá sinais de maior vitalidade.

Ainda assim, avisam vários economistas, o ritmo de inversão na Europa deve ser particularmente cuidadoso. "Enquanto a normalização da política monetária e a redução do ritmo de compras de obrigações pelo BCE fazem parte do muito esperado ciclo de recuperação na Europa, as modalidades, a magnitude e a velocidade da sua execução permanecem críticas", defendeu num artigo de opinião publicado em meados de Dezembro Carmen Reinhart, professora em Harvard, que aconselhou cautela a Mario Draghi.

É que se é verdade que retoma está mais forte e podem existir riscos para a estabilidade financeira decorrentes dos juros baixos, é igualmente verdade que se trata ainda de uma recuperação muito lenta em termos históricos numa região muito endividada, que não há ainda evidência de uma recuperação sustentada de preços, e que a taxa de desemprego em 2019 continuará na casa dos 9%, o que duplica os  valores esperados para os EUA e Reino Unido, e triplica o desemprego japonês.

Equilíbrio

O desafios dos banqueiros centrais em 2018 será procurar o equilíbrio que permita normalizar a política monetária sem sobressaltos.

Positivo
Sinais de recuperação nos principais blocos
As principais economias dão sinais positivos, e o Reino Unido não sofreu um choque abrupto do Brexit. Zona Euro e EUA deverão crescer entre 2% a 2,5%; enquanto Japão e Reino Unido rondarão os 1,5%, prevê a Comissão Europeia.

Inflação sobe, por vezes demais
A inflação está a recuperar lentamente na Europa e no Japão: talvez chegue aos 2% em 2020. Nos EUA já passou a meta e no Reino Unido ultrapassou os 3%.

Negativo
Estabilidade financeira pressiona

Um período demasiado prolongado de estímulos pode inflacionar preços de activos como o imobiliário e gerar bolhas.

Países mais frágeis temem subidas
Se as subidas de juros podem travar alguns de excessos financeiros, podem também significar uma subida perigosa de juros em países endividados como Portugal.

 

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