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Trabalhar em casa pode ser tenso na maior quarentena do mundo

No auge do confinamento para combater a pandemia de coronavírus na Índia, no mês passado, um advogado que tentava obter uma fiança para um cliente no estado ocidental de Rajasthan encontrou uma forma de enfrentar o calor escaldante.

24 de Maio de 2020 às 15:00
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O advogado pareceu simplesmente perante o juiz de camisola interior durante a audiência realizada a partir de casa por videoconferência.

Enfurecido com a ausência do traje formal próprio de um tribunal, o juiz adiou o caso, repreendendo o advogado por usar um "baniyan", uma camisola fina branca, e sem mangas, normalmente usada como camisola interior.

Enquanto os trabalhadores de todo o mundo tentam compreender as normas das videoconferências domésticas - as salas de reunião da era do coronavírus -, o clima é particularmente tenso na Índia. O país enfrenta o que é essencialmente a maior quarentena do mundo que colocou grande parte da população de 1,3 mil milhões em casa. Milhões de pessoas no país têm agora de trabalhar em casas modestas e partilhadas por várias pessoas, cercadas pelo caos de famílias de várias gerações. E também têm de lidar com serviços pouco fiáveis de Internet e apagões de energia que assolam muitas partes do país.


Além disso, muitos indianos têm pouca experiência de trabalhar a partir de casa. Tudo isso está a contribuir para reduzir a produtividade para o nível mais baixo da história, numa altura em que uma das economias de crescimento mais rápido do mundo caminha para uma retração.

Apito estridente


Atualmente, as reuniões da manhã das empresas na Índia - realizadas através de serviços de videoconferência como o Zoom - são muitas vezes interrompidas pelo apito estridente da panela de pressão, o omnipresente utensílio de cozinha essencial para a culinária indiana. Ao mesmo tempo, familiares e empregadas domésticas com vassouras passeiam-se pelas casas, onde vivem desde sogros até bisavós.

"O apito da panela de pressão é o incómodo mais comum durante as videochamadas", disse Shashidhar Sathyanarayan, cofundador da startup Arnetta Technologies, com sede em Iowa e Bangalore, que ficou preso em San José devido às restrições de viagens da Índia. Durante as reuniões formais, os cofundadores correm para salas com portas fechadas para impedir que o ruído da panela atrapalhe as ligações, disse.

 
O smartphone é omnipresente, mas também é o primeiro dispositivo de computação pessoal para a maioria dos indianos, e cerca de metade dos 500 milhões de utilizadores de internet do país entraram no mundo digital só nos últimos anos. Eles simplesmente não estão habituados a aplicações de videoconferência e, na maioria das vezes, confundem-se, disse Surabhi Tomar, ativista ambiental de Bangalore.

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