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Duarte Cordeiro: Pessoas têm de se habituar à ideia de conviver com o risco

O coordenador da resposta à covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, Duarte Cordeiro, afirmou hoje que as pessoas se têm de habituar à ideia de "conviver com o risco", nomeadamente na utilização de transportes públicos.

Tiago Petinga
16 de Julho de 2020 às 19:58
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"Nós temos de nos habituar à ideia de conviver com um determinado nível de risco e de nos proteger para esse risco. Eu acho que nós, realmente, temos de nos preparar nesse sentido e a questão dos transportes é evidente", disse o também secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Duarte Cordeiro foi ouvido esta tarde comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação a propósito da estratégia de combate à pandemia e as medidas de proteção que estão a ser introduzidas na região de Lisboa.

Numa audição que durou quase três horas, o tema dos transportes públicos foi o que mais se destacou, com a defesa do reforço da oferta e várias críticas ao facto de alguns operadores rodoviários privados continuarem em regime de 'lay-off'.

A esse propósito, Duarte Cordeiro ressalvou que empresas públicas de transporte "conseguiram responder rapidamente e acima do nível da procura", mas admitiu que o mesmo não aconteceu com os operadores privados, devido à situação de 'lay-off'.

"Do ponto de vista da capacidade de resposta que cada área dos transportes tem, há umas que são mais flexíveis e outras que são mais rígidas. Há umas em que é mais fácil encontrar respostas e outras em que é mais complicado reforçar a sua oferta", apontou.

Para o governante, a solução passa por uma monitorização constante da oferta e a tentativa de reajustar essa oferta "a picos específicos da procura", ressalvando que "existem problemas estruturais que não poderão ser resolvidos no curto prazo".

Relativamente às críticas feitas, sobretudo pelas deputadas do PCP (Paula Santos) e do Bloco de Esquerda (Isabel Pires) ao facto de alguns operadores rodoviários se manterem no regime de 'lay-off', Duarte Cordeiro referiu que o fizeram por ser o direito que lhes assistia.

"No período do estado de emergência, as receitas caíram praticamente a zero e as empresas acionaram o direito que têm, que não as distingue de outras empresas, o direito ao 'lay-off'", salientou.

Durante a audição, Duarte Cordeiro foi, igualmente, confrontado com críticas relativamente a eventuais faltas de coordenação das diferentes entidades de saúde, situação negada pelo governante, que fez um balaço "muito positivo" do trabalho desenvolvido.

O coordenador da resposta à covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo destacou a partilha de informação que passou a existir com as autarquias e o envolvimento de equipas multidisciplinares.

"Hoje, nós temos mais de quatro mil visitas feitas pelas equipas mistas desde que esta metodologia começou a ser implementada e aquele que é o 'feedback' que os municípios nos dão é que nos casos em que têm sido identificados focos de natureza social o número de casos ativos tem tido uma evolução positiva", sublinhou.

Portugal continental está dividido em três níveis para fazer face à pandemia de covid-19, estando a generalidade do país em situação de alerta, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) em situação de contingência (nível intermédio) e 19 freguesias de cinco municípios da AML em calamidade.

Nas 19 freguesias foi determinado o "dever cívico de recolhimento domiciliário" e a proibição de ajuntamentos com mais de cinco pessoas.

Nas restantes autarquias da AML, os ajuntamentos estão limitados a 10 pessoas, mantendo-se em toda a região o encerramento dos estabelecimentos comerciais às 20:00, a proibição de venda de álcool nas estações de serviço e o seu consumo na rua.

As 19 freguesias que permanecem em estado de calamidade são: Santa Clara (Lisboa), as quatro freguesias do município de Odivelas (Odivelas e as uniões de freguesias de Pontinha e Famões, Póvoa de Santo Adrião e Olival Basto, e Ramada e Caneças), as seis freguesias do concelho da Amadora (Alfragide, Águas Livres, Encosta do Sol, Mina de Água, Venteira e União de Freguesias de Falagueira e Venda Nova), seis freguesias de Sintra (uniões de freguesias de Queluz e Belas, Massamá e Monte Abraão, Cacém e São Marcos, Agualva e Mira Sintra, Algueirão-Mem Martins e a freguesia de Rio de Mouro) e duas freguesias de Loures (uniões de freguesias de Sacavém e Prior Velho, e de Camarate, Unhos e Apelação).

Portugal regista hoje mais três mortes e 339 novos casos de infeção por covid-19, em relação a quarta-feira, 274 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde.
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