Notícia
Produção industrial da UE arranca 2025 com novas perdas
Fraca produção em indústrias intensivas em energia continua a pressionar produção industrial europeia. Na Zona Euro, houve uma estabilização, mas as perspetivas de curto prazo mantém-se pessimistas. Rearmamento da UE deverá dar impulso, após dois anos de "recessão industrial".
2024 foi um "ano negro" para a indústria europeia e 2025 não arrancou da melhor forma. Os dados do Eurostat divulgados esta quinta-feira revelam que a produção industrial da União Europeia (UE) caiu 0,2%, em termos homólogos, prolongando as perdas que se verificaram durante todos os meses do ano passado. Na Zona Euro, a produção industrial conseguiu evitar uma nova contração, mantendo-se estável.
A produção em indústrias intensivas em energia continua a ser particularmente débil e a pressionar o desempenho da produção industrial europeia, com o aumento dos preços do gás a pesar ainda sobre a atividade. Em janeiro, a produção industrial da UE na área da energia diminuiu 2,1% face a igual período homólogo. A queda contrasta com a ligeira melhoria (de 0,9%) registada nesse segmento no último mês de 2024.
A queda homóloga mais significativa deu-se, no entanto, nos bens de investimento, cuja produção industrial afundou 2,8% em janeiro. A cair estive também a produção industrial de bens intermédios (-0,3%). Em sentido contrário, verificou-se um aumento na produção de bens de consumo duradouro (+1,3%), como veículos automóveis ou eletrodomésticos, e de bens de consumo não duradouro (+5,5%).
Na Zona Euro, a maior queda na produção industrial deu-se também nos bens de investimento (-2,7%), seguidos de perto pela energia (-1,6%) e pelos bens intermédios (-0,8%). Por outro lado, observaram-se aumentos na produção de bens de consumo duradouro (+0,9%) e bens de consumo não duradouro (+6,7%).
Entre os 27, as variações homólogas mais negativas da produção industrial foram registadas na Eslováquia (-5,1%), na Dinamarca (-4,4%) e na Hungria (-4,0%). Em sentido contrário, os maiores aumentos foram observados na Irlanda (+10,4%), Lituânia (+9,8%) e Croácia (+7,6%). Nas maiores economias europeias, a produção caiu na Alemanha (-1,8%), França (-1,5), Espanha (-1%). Já os dados de Itália ainda não estão disponíveis.
No caso de Portugal, a produção industrial teve uma queda homóloga acima da média europeia (-3,5%) em janeiro, depois de ter fechado 2024 a cair 5,6%.
Em comparação com o mês anterior, a produção industrial ajustada sazonalmente aumentou 0,8% na Zona Euro e 0,3% na UE, segundo a estimativa preliminar do Eurostat. Em dezembro, a variação mensal da produção industrial tinha caído 0,4% na Zona Euro e 0,2% na UE.
O economista Bert Colijn, do banco ING, entende que pode estar "em curso alguma estabilização" na produção industrial europeia. "Neste momento, até os sinais de que a situação está a atingir o fundo do poço são positivos após dois anos de recessão industrial. A perspetiva para a produção industrial está a mudar, mas a questão é quando virá o verdadeiro alívio", defende, afastando "uma grande recuperação" em 2025, apesar de terem sido anunciados fortes investimentos no setor da defesa que vão ajudar na produção industrial.
"As perspetivas de curto prazo continuam a ser más. Embora o plano do Governo alemão de aumentar as despesas com a defesa e infraestruturas impulsione o setor industrial, não irá mudar o atual cenário rapidamente porque o aumento das despesas será gradual. E nem todos os novos equipamentos de defesa serão fabricados internamente", refere a economista Ankita Amajuri, da Capital Economics.
A economista dá ainda conta de que são "poucos" os países que se propõe a igualar os planos orçamentais da Alemanha. "E mesmo na Alemanha, o impulso orçamental não irá resolver os obstáculos estruturais que o setor automóvel alemão enfrenta ou a sua falta de competitividade internacional", diz.