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INE revê PIB do primeiro trimestre em alta ligeira, mas com procura interna a perder força

A leitura detalhada do INE para a evolução da economia no início deste ano revê em ligeira alta o crescimento trimestral, para 0,8%. Consumo das famílias acelera, mas não compensa a quebra no investimento.

Medidas do OE reduzem o risco de pobreza e as desigualdades.
Stevo Vasiljevic/Reuters
31 de Maio de 2024 às 11:19
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O Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu nesta sexta-feira em alta ligeira a estimativa de crescimento do primeiro trimestre neste ano, apontando para 0,8% de subida face ao final de 2023.

A segunda leitura dos dados do PIB que é disponibilizada para os meses de janeiro a março indica, assim, que a economia assistiu a uma pequena aceleração face ao trimestre final do ano passado, quando o crescimento em cadeia tinha sido de 0,7%.

Em termos homólogos, a variação do PIB do primeiro trimestre terá sido de 1,5% (1,4% na estimativa preliminar primeiro avançada pelo INE), num abrandamento face ao ritmo de variações homólogas anteriores que se explica pelo facto de a base, o primeiro trimestre do ano passado, ter sido de crescimento particularmente forte (então com uma variação em cadeia de 1,5%; 2,5% de variação homóloga).

O crescimento do PIB verificado até aqui garante já, num cenário sem quebras ao longo dos próximos trimestres, que o PIB suba anualmente um mínimo de 1,3%, quase em linha com a previsão de 1,5% inscrita pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, no Programa de Estabilidade entregue em abril, indiciando que a taxa de crescimento poderá situar-se mais perto de projeções mais otimistas. O Banco de Portugal, por exemplo, antecipou 2% de subida do PIB neste ano.

Apesar da aceleração registada, o INE dá também conta nesta segunda leitura do PIB de um comportamento mais negativo das componentes da procura interna, em particular com uma quebra assinalável no investimento, com a formação bruta de capital fixo (FBCF) a recuar 3% face ao final de 2023. A descida é particularmente profunda na componente de máquinas e equipamentos (-9,9%), na qual tinha havido uma subida de investimento acentuada no trimestre anterior. Face a um ano antes, porém, a FBCF ainda se sustenta próxima da estagnação, com uma variação homóloga de 0,3%.

A contrariar parcialmete a quebra do investimento, o consumo das famílias ainda acelerou, com o aumento de despesas a superar aquele que tinha ocorrido no final do ano. O INE indica que as famílias consumiram mais 1% do que no trimestre anterior (a subida em cadeia era de 0,7% no quatro trimestre de 2023).

Estes maiores gastos não foram no entanto direcionados para compras importantes e de maior valor, como carros ou mobiliário, sendo que a aquisição de bens duradouros pelos residentes no país diminuiu 2% face ao trimestre anterior. O aumento do consumo nos meses do inverno deu-se sobretudo no consumo alimentar (mais 2,6%) e nos serviços e noutros bens não duradouros (mais 1,4%).

Já em termos homólogos, a despesa das famílias desacelera para um crescimento de 0,7%, mais uma vez com a variação que compara com o início do ano passado a ser penalizada pelo facto de o primeiro trimestre de 2023 ter registado uma forte subida no consumo das famílias (em particular, com a compra de bens duradouros).

Noutra componente da procura interna, o consumo público estagnou em cadeia, mostram os dados do INE, com variação nula nas despesas de consumo final das administrações públicas. Face a um ano antes, subiam 1,4%.

Em resultado destas evoluções trimestrais, e ao contrário do que sucedia desde o verão do ano passado, a procura interna pesou negativamente no crescimento do primeiro trimestre, com um contributo negativo de 0,1 pontos percentuais para os 0,8% de subida do PIB ocorrida.

Exportações abrandam mas voltam a apoiar o PIB


A procura externa, pelo contrário, retomou a contribuição positiva para o crescimento da economia (1 ponto percentual), contrariando o impacto negativo gerado pelo menor investimento do lado prcura interna. 

Apesar de terem abrandado, para uma variação em cadeia de 1,6%, as exportações de bens e serviços tiveram uma evolução mais positiva que as importações, que no início deste ano recuaram 0,6% face ao final de 2023.

Já face a um ano antes, as exportações avançaram 2,5% e as importações 1,4%.

O INE assinala que no primeiro trimestre "registaram-se ganhos dos termos de troca pelo quinto trimestre consecutivo, ainda que inferiores ao observado nos trimestres anteriores". "O deflator das exportações de bens e serviços diminuiu 0,6% em termos homólogos no primeiro trimestre (-1,5% no trimestre precedente) e o deflator das importações de bens e serviços passou de uma variação homóloga de -5,5% no quarto trimestre para -4,1%", detalha.
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