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PS e PSD entre a saída limpa e o cautelar
Os dois partidos mantêm as suas efectivas opiniões fechadas. Encontram-se afirmações e declarações para todos os gostos.
A forma como Portugal vai sair do programa de ajustamento foi um dos temas abordados entre a troika, em Portugal no âmbito da 11ª avaliação, e os partidos políticos.
À saída da reunião da manhã, Miguel Frasquilho pareceu expressar a preferência dos social-democratas pelo cautelar. "O que transmitimos à troika é que, caso as condições sejam favoráveis, um programa cautelar nos pareceria mais prudente tendo em conta, por exemplo, que os juros da dívida pública portuguesa a dez anos se encontram ainda nesta altura acima do que a Irlanda registava quando saiu do programa", afirmou.
No entanto, mais tarde, Frasquilho acabaria por decidir esclarecer as suas declarações iniciais. "Neste momento, não há nenhuma opção por qualquer dos cenários, sendo que ambos são favoráveis. O que seria altamente desfavorável era ter um segundo resgate, mas essa é uma situação que, obviamente, será evitada", afirmou, citado pela agência Lusa.
Em conferência de imprensa, o PS afirmou que o partido sempre defendeu que Portugal deve ter uma saída limpa, sem condicionalidades. "Se assim não for, há claramente um fracasso e temos que pedir responsabilidades ao Governo", disse Óscar Gaspar, membro da Comissão Política socialista.
O responsável adiantou, porém, que a saída do programa de ajustamento deve ser analisada com "prudência". "Neste momento recomenda-se prudência. Essa ideia foi bem acolhida na reunião de hoje" com a troika, revelou. "Estamos em Fevereiro. Ainda há contas para fazer, ver a evolução dos mercados e a posição do Governo nestas matérias", adiantou.
Cortes nos salários, reformas e pensões dominaram encontros da troika com PCP e BE
No final do encontro com os representantes do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, o deputado do PCP Miguel Tiago destacou a convicção da troika
de que os cortes nos salários, reformas e pensões terão de manter-se para lá do final do programa de assistência económico-financeira.
"Dizem que aquilo que é necessário é apostar no mesmo caminho. Continuar os cortes. A expressão utilizada até foi 'Portugal não pode relaxar', dando a entender que há algum relaxamento por parte dos portugueses", criticou Miguel Tiago em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
"Sobre a transitoriedade dos cortes e destas políticas, ficou muito claro que ela não existe. Os representantes das instituições estrangeiras disseram que o pacto termina, mas as políticas terão de continuar por muitos anos", continuou o deputado comunista.
Esta foi também a ideia transmitida pelo deputado do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, no final do encontro com a troika. "Foram unânimes em considerar que o pós-troika tem muitos anos. São muitos anos para continuar o ajustamento da economia portuguesa e, portanto, não devem ser diminuídos os sacrifícios que o ajustamento tem imposto", declarou o deputado no Parlamento.
"Aquilo que o Governo português alega junto do Tribunal Constitucional (TC) - que está a apreciar o Orçamento do Estado para 2014 -, de que os cortes salariais na função pública e nas pensões são temporários, na óptica da troika, eles são adquiridos e insuficientes, permanentes e pouco", criticou o parlamentar bloquista.
(Notícia corrigida às 21h26. O título e o lead da notícia foram alterados tendo em conta o esclarecimento que Miguel Frasquilho fez às suas declarações iniciais e a afirmação de Óscar Gaspar quando questionado sobre que opção seria melhor para o País: É "imprudente" optar pela "saída A ou B". "Estamos em Fevereiro. Ainda há contas para fazer, ver a evolução dos mercados e a posição do Governo nestas matérias", disse o deputado socialista.)