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Três transformações e quatro sobressaltos. A economia em 50 anos

Da adesão à UE, às crises quase coladas no final dos anos de 1970 e início da década de 1980. A economia portuguesa teve altos e baixos, como acontece em todos os países. Nos últimos 50 anos, Portugal atravessou sete crises.
Paulo Ribeiro Pinto 24 de Abril de 2024 às 15:00

Pobre, com indústria pouco diversificada, elevadas taxas de analfabetismo e um peso da agricultura que era cinco vezes superior ao valor atual. A economia portuguesa deu um salto gigantesco em 50 anos, abriu-se ao mundo e terciarizou-se.

 

As qualificações terão tido a maior transformação deste meio século. Uma conquista que se reflete em números: antes da revolução, um quarto da população não sabia ler nem escrever, sendo cerca de dois terços mulheres.

 

A taxa de analfabetismo baixou para 3,1% em 2021. E o salto foi também para lá da escolaridade obrigatória, atualmente nos 12 anos. De acordo com os dados do Pordata, "há cinco vezes mais alunos" a acederem ao ensino superior do que em 1978 (446 mil vs. 82 mil), e há mais mulheres do que homens. "De acordo com os Censos de 1970, apenas 49 mil pessoas em Portugal tinham o ensino superior, não chegando a 1% da população com 15 ou mais anos. Os Censos de 2021 registaram 1,8 milhões de pessoas com este grau de ensino, o equivalente a 20% da população; 60% são mulheres", refere a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).

 

Mas há transformações "estruturais" identificadas pelos economistas. A começar pela adesão à União Europeia, então a Comunidade Económica Europeia (CEE). "Houve três grandes transformações estruturais", começa por identificar o economista Nuno Valério. "A primeira está relacionada com a integração europeia e consiste, no fundo, em que Portugal deixou de ter as características tradicionais de uma economia nacional", frisa o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

 

O país abdicava de alguma soberania, que mais tarde se concretizaria de forma mais marcada com a entrada no euro e a perda definitiva da política monetária, um importante instrumento económico até então. "E mesmo a sua política económica, as suas leis sobre a economia, estão bastante condicionadas por aquilo que são decisões europeias nesse domínio", acrescenta Nuno Valério, que participou no projeto inédito da FFMS para identificar as crises da economia nacional.

 

"A segunda transformação estrutural importante é o aumento do nível de vida dos portugueses, que têm hoje um rendimento real, em média, que é três a quatro vezes maior do que era na altura do 25 de Abril", aponta Valério, que justifica com o próprio processo de integração europeia que prolonga uma tendência que já vinha de trás.

 

A terceira "transformação estrutural" passa pela alteração no tecido produtivo. "O país predominantemente agrícola" terciarizou-se. "Na altura do 25 de Abril tinha um certo equilíbrio entre agricultura, indústria e serviços, mas transformou-se num país onde a economia é dominada esmagadoramente, em termos quantitativos, pelos serviços."

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